Título: Técnico do Osasco faz oferta de US$ 800 milhões pela Varig
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

O empresário e treinador do Osasco Futebol Clube, Michael Breslow, nem acreditou ontem quando viu a repercussão da proposta que fez para compra da Varig. O fac-símile foi enviado na madrugada de ontem para a Procuradoria Geral da União (PGU). "Procurei um número da 8ª vara da Justiça Federal do Rio, mas não achei. Mandei para a Procuradoria Geral, mas não achei que tinha chances de chegar ao juiz", revela.

De qualquer forma, diz Breslow, a proposta recebida pelo juiz Luiz Roberto Ayoub está mantida. Breslow, dono da Multilong (empresa de assessoria e consultoria financeira) desde 1998, ofereceu US$ 800 milhões pela Varig. Dinheiro que não tem. A empresa dele fatura cerca de US$ 3,6 milhões por ano. Uma parte da renda de Breslow banca o Osasco Futebol Clube, time do qual é treinador e que tenta neste momento tirar da penúltima posição do grupo 5 da 4ª divisão do futebol paulista. "Estou no comando do time há dois jogos, mas ainda temos 5 rodadas para recuperar", diz.

Sobre a Varig, Breslow diz que a oferta de US$ 800 milhões é real, mas necessita antes de uma ajuda do BNDES. "Se o BNDES já deu US$ 1 bilhão para a Rede Globo, US$ 80 milhões para o Friboi, por quê não pode dar US$ 800 milhões para a Multilong comprar a Varig?", pergunta. Segundo ele, a proposta não é oportunista, tampouco aventureira. É uma proposta, diz, para salvar uma empresa brasileira. "Oportunista é a proposta feita pelos trabalhadores que querem pagar metade do que a Varig vale", diz.

A tática de Breslow é obter um aliado: o juiz Ayoub. Segundo ele, o juiz poderia intermediar um acordo com o BNDES para a liberação dos recursos sem a fiança bancária. Não é a primeira vez que a Multilong tenta recursos no BNDES para comprar a Varig. Antes do leilão da empresa, chegou a pedir US$ 365 milhões ao banco. O pedido foi negado. Problema: fiança bancária.

Na oferta atual, anexou uma carta da Boeing. De acordo com ele, a empresa teria interesse em participar da recuperação da Varig. A Boeing, em nota, negou que tenha feito acordos com qualquer interessado no controle da Varig. Breslow diz ainda que representa um fundo de investimento americano, cujo nome não revelou.

Ele disse também que conta com o apoio de um executivo de reconhecida competência. "Seria um nome que abalaria São Paulo", revela. Mas também não deu o nome. "Se o juiz deixar, apresento todos na segunda-feira. Será um nome extraordinário no comando da Varig", garante.

O empresário-treinador afirma, que numa engenharia financeira, capitalizaria a Varig com emissões de debêntures e ações no mercado secundário da Bovespa. Em cinco anos, a Varig estaria estruturada. E, a despeito das demandas como eventual executivo da Varig, o Osasco tem garantias de ainda contar com o técnico Breslow.