Título: Balcão de embarque vazio é retrato da crise
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

O balcão de embarque da Varig no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, reflete o agravamento da crise da empresa. Entre a Gol e a TAM lotadas, com longas filas, a Varig, ontem, estava praticamente vazia.

À tarde, o monitor de embarque e desembarque indicava 6 vôos cancelados: para Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Vitória e para o Rio de Janeiro (dois). Segundo a Assessoria de Imprensa da Varig, a empresa deixou de operar esses vôos há um mês, mas a informação ainda não havia sido atualizada pela Infraero.

O editor de filmes Per Heyer foi ontem ao aeroporto remarcar um vôo cancelado. A viagem de volta para Los Angeles, onde mora, estava marcada para o dia 13, passou para 14, 17 e 18, o que já seria tarde demais. Heyer, indignado, adiantou o retorno para amanhã.

Muitas das pessoas que movimentaram a loja da Varig em Congonhas deram declarações de apoio à companhia. A empresária Loly Kryss já viajou muito pela Varig e tem milhas suficientes para não ter de pagar passagem. Ontem, ela disse que abriu mão do crédito e comprou um bilhete para o Rio, para ajudar a empresa. "Estou torcendo mais pela Varig do que pelo Brasil na Copa."

Apesar do risco de falência, a Varig anunciava pela internet várias promoções para o feriado de Corpus Christi e para o mês de julho. Passagens de São Paulo a Curitiba estavam sendo oferecidas a R$ 95.

Em duas agências de viagens visitadas pela reportagem do Estado, a informação era de que o agravamento da crise na empresa não prejudicou a venda de pacotes, embora muitos clientes estejam receosos quanto ao futuro da empresa. Um diretor de vendas da CVC que não quis se identificar disse que, até o momento, a crise da Varig não havia afetado as vendas de pacotes, e todas as viagens programadas com a companhia estavam ocorrendo sem maiores problemas.

Na loja da Varig da Av. Paulista, o expediente terminou mais cedo: às 17 horas, diferentemente da semana passada, quando fechava só às 18 horas. A publicitária Graziela Araújo chegou às 17h03 para trocar suas 50 mil milhas por uma passagem para Santiago, para o feriado da próxima quinta-feira, e não conseguiu ser atendida. Estava revoltada: "Vou trocar essas milhas e nunca mais volto a voar por essa empresa".