Título: Governo já tem plano para socorrer passageiros
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) admitiu ontem que "vem desenvolvendo um plano de contingência caso a Varig paralise suas operações para dar pronto atendimento aos usuários". Ela se negou a detalhá-lo, alegando que qualquer pronunciamento seria prematuro e só serviria para tumultuar ainda mais o cenário.

Segundo fontes do setor, o principal objetivo do plano é tentar amenizar os problemas dos passageiros em caso de falência da Varig. A maior preocupação é com os passageiros dos vôos internacionais, que teriam de ser acomodados em outras empresas. No caso dos vôos domésticos, o governo acredita que em no máximo dois ou três dias o impacto da quebra da Varig seria absorvido porque hoje ela detém uma parcela de só 15% do mercado.

O plano da Anac prevê ações imediatas, muitas delas em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, no caso do atendimento a passageiros no exterior. Tanto as companhias de aviação como a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) foram orientadas e já estão com pessoal destacado para ajudar os passageiros e tentar evitar tumultos.

A primeira preocupação é com as pessoas que estiverem com passagem na mão, nos aeroportos, pronto para embarcar. Haverá, naturalmente prioridade para menores desacompanhados e pessoas doentes. Passageiros com bilhetes de ida e volta, que já tiverem usado um dos trechos, também terão prioridade no embarque em outras companhias , sem ônus para o passageiro. Isso valerá para viagens nacionais e internacionais.

As embaixadas e consulados brasileiros já estão orientados a negociar com companhias aéreas estrengeiras e governos de outros países para tentar viabilizar o regresso dos brasileiros com bilhetes da Varig. Um problema adicional é o grande fluxo de passageiros para a Europa, por causa da Copa.

Eventualmente, nem todos os brasileiros que precisem regressar ao País poderão ser acomodados em vôos de outras empresas.

Caso se confirme saída da Varig do mercado, o governo deve apressar a redistribuição dos vôos entre a TAM e Gol para o exterior. Esse procedimento tem um complicador porque, nos acordos internacionais, tudo depende de reciprocidade e os vôos são concedidos para companhias específicas, não podendo, simplesmente, ser repassados para outra empresa, ainda que do mesmo país. Ou seja, a troca das empresas nos vôos internacionais vai exigir mais tempo do que nos vôos domésticos.

O plano da Anac trata ainda da questão de estacionamento das aeronaves. Se a Varig parar de voar, não será possível que seus aviões fiquem estacionados em aeroportos como Congonhas, que tem alta intensidade de tráfego aéreo e pátio pequeno.

O governo também está preocupado com os funcionários da Varig que ficarão desempregados. Avalia-se que 40% deles poderão ser contratados por outras companhias.