Título: Decisão sobre Varig fica para 2ª-feira
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

A proposta da associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) para a aquisição da companhia aérea, a única apresentada no leilão realizado na quinta-feira, foi considerada insuficiente pela Justiça do Rio. O juiz Luiz Roberto Ayoub, que coordena a recuperação judicial da Varig, além de adiar para segunda-feira a decisão final, abriu ontem a possibilidade de uma nova rodada de apresentação de propostas por outros interessados, caso a TGV não esclareça a origem dos US$ 449 milhões oferecidos pela empresa.

Para piorar a situação da companhia, a fabricante de aviões Boeing conseguiu na Justiça americana o direito de arrestar sete aeronaves. A Varig tinha liminar contra esses arrestos, fornecida pela corte de Nova York, pelo menos até a terça-feira.

Pela lei, o fracasso do leilão abriria caminho para a imediata decretação de falência da Varig. Na prática, o juiz tenta mais uma alternativa de salvamento para a companhia. Ontem, Ayoub intimou a NV Participações - pessoa jurídica criada para os investimentos da TGV - a esclarecer a origem dos recursos até às 14h de segunda-feira.

Foi o segundo adiamento sobre a decisão do leilão, já que no início da tarde de quinta feira, após a entrega do envelope da NV, o juiz estipulou o prazo de 24 horas para seu veredicto.

A possibilidade de os outros quatro investidores cadastrados - TAM, Gol, OceanAir e o escritório de advocacia Ulhôa Canto, que representa fundos de investimentos - apresentarem propostas mesmo findo o prazo do leilão foi informada pela assessoria de imprensa do TJ, pois o juiz Ayoub não quis se manifestar publicamente.

A maior preocupação da Justiça é saber de onde virão os R$ 285 milhões que a NV prometeu pagar em dinheiro e à vista, da oferta total de R$ 1,010 bilhão. Além disso, caso a proposta da TGV seja aprovada, eles terão de depositar US$ 75 milhões até terça-feira.

Marcelo Gomes, da consultoria Alvarez&Marsal, responsável pela reestruturação da Varig, considera que a oferta dos créditos de ações trabalhistas, feita pela TGV, pode ser considerada como dinheiro também. "Eles estão entrando com os US$ 100 milhões deles. Para mim isso é 'cash' (dinheiro vivo). Quem fala que isso é moeda podre está errado. Somos obrigados a pagar esses US$ 100 milhões ainda este ano", afirmou.

O executivo conta que tomou conhecimento que a TGV contaria com três parceiros estrangeiros. Gomes também disse que a Varig tem combustível para seus aviões garantido até terça-feira. Anteontem, uma fonte da BR Distribuidora informara que o fornecimento de querosene de aviação estava garantido só até ontem. Por isso, um executivo da BR estava em São Paulo para negociar a extensão da garantia oferecida pela Varig, que são receitas futuras com a venda de passagens realizadas por meio da Visanet.