Título: Furlan pede mais redução na TJLP
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Economia & Negócios, p. B12

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, cobrou publicamente ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais uma redução na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que corrige os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Lula prometeu levar a demanda ao Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável pela definição do índice, mas também fez uma cobrança: quer do BNDES maior agilidade na análise de projetos. Revisada a cada três meses, a TJLP está hoje em 8,15%, menor valor desde que foi criada, em 1994.

Em cerimônia na sede do banco para o lançamento do programa Procaminhoneiro, Furlan lembrou ao presidente que "dia 1º de julho é dia de baixar a TJLP", referindo-se à data da próxima revisão da taxa.

"Vou pedir para o CMN atender à demanda do Furlan, já que eu não participo da reunião", disse logo depois, em discurso, o presidente. A TJLP foi reduzida nas duas últimas reuniões do conselho, depois de 21 meses a 9,75%.

Furlan disse que espera contar com o apoio do presidente do CMN, Guido Mantega, que defendia a redução da taxa quando estava à frente do BNDES. "Espero que o presidente do CMN tenha levado os bons fluidos aqui do Rio de Janeiro", brincou, em discurso no qual elogiou a atual gestão do banco de fomento, "formada por funcionários de carreira". No início do governo Lula, o banco foi presidido pelo economista Carlos Lessa, com quem o ministro Furlan teve alguns atritos políticos.

O presidente da República cobrou mais agilidade na concessão de financiamentos pelo BNDES. "A máquina pública de um banco ou do governo tem determinados ritmos de funcionamento que às vezes é possível a gente dar um pouquinho mais de corda para ela funcionar mais rápido", disse Lula, dirigindo-se ao presidente do banco, Demian Fiocca.

CAMINHÕES No evento, que contou ainda com a presença do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, o BNDES lançou o Procaminhoneiro, programa de financiamento para a compra de caminhões, que nasce com orçamento de R$ 500 milhões.

O objetivo é renovar a frota brasileira, atualmente com idade média de 18 anos, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O banco vai emprestar até 100% do valor do caminhão, a TJLP mais 6% e prazo de 84 meses. O financiamento vale para caminhões novos e usados.

O Procaminhoneiro substitui o BNDES Caminhão, programa que estava empacado por dificuldades em obter garantias para os empréstimos, uma vez que a Justiça não permitia a retomada do caminhão financiado, segundo explicou Lula em seu discurso.