Título: Grampos ligam assessor a esquema
Autor: Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2006, Nacional, p. A14

As escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal indicam que o empresário Darci Vedoin, considerado chefe do esquema, teve contato com um assessor ligado diretamente ao ex-ministro da Saúde e deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG). No dia 18 de janeiro, Vedoin recebeu telefonema de um homem não identificado pela PF que lhe pediu para ligar para Sérgio Amaral - seria o ex-superintendente de Desenvolvimento do Norte de Minas, apontado como braço direito do ex-ministro.

A pessoa dita um número de celular e diz: "O cara tá te esperando agora". Depois, ressalta que Amaral levará Vedoin para conversar com Saraiva Felipe. O código de área do celular citado é 38, de Montes Claros (MG), que é a região de maior influência eleitoral do ex-ministro.

Os grampos mostram que Vedoin telefonou em seguida para Amaral e encontrou-se com ele. Duas horas e meia depois, em telefonema à pessoa não identificada, ele conta que esteve com Amaral num hotel, ficou de repassar-lhe "a relação" (possivelmente de convênios de interesse do esquema) e na terça-feira começaria a agilizar. Nessa conversa, Vedoin pergunta se Amaral é mesmo forte. A pessoa afirma que é "o homem do homem".

Grampos mostram que o secretário do PMDB mineiro (possivelmente Antônio Júlio de Faria) apresentou Vedoin a Amaral em dezembro. O empresário falou do encontro com a ex-funcionária da Saúde Maria da Penha Lino, que trabalhava desde agosto na equipe de Saraiva Felipe e foi presa por ligação com o esquema. No diálogo, Vedoin deixa claro o interesse em ter acesso ao gabinete do ministro. Diz que Amaral "faz as coisas do homem". Penha observa que ele pode "mexer com outras coisas" de interesse do grupo.

Em seus depoimentos, a ex-funcionária diz que o ministro não sabia das articulações do esquema. Saraiva Felipe não retornou a ligação feita pela reportagem. O celular atribuído a Amaral na escuta telefônica encontrava-se desligado.