Título: Fed quer aplicação do Acordo de Basiléia
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2006, Economia & Negócios, p. B5

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai pressionar os principais bancos americanos para que se adaptem aos princípios do Acordo de Basiléia 2, de modo a melhorar a administração de riscos. Nesse quadro regulatório, as instituições serão instruídas a usar novas fórmulas complexas de risco para estabelecer as exigências de capitais.

A informação foi dada ontem pelo presidente do Fed, Ben Bernanke, em palestra a alunos da Universidade de Georgetown. O objetivo da proposta, acrescentou, é acompanhar mais de perto o risco nos portfólios dos grandes bancos e o capital que eles mantêm em reservas. "Se o capital regulatório exigido dessas organizações não refletir adequadamente os riscos que elas na verdade estão correndo, a segurança e a grandeza do sistema bancário americano poderão ser abaladas", afirmou.

"Os órgãos regulatórios federais trabalharão com essa indústria para refiná-la, se necessário. Embora o Basiléia 2 estabeleça a base para a modernização da supervisão dos bancos grandes e internacionalmente ativos, insisto em que, em muitos pontos, ele ainda não foi aplicado. Importantes detalhes ainda precisam ser tratados e resta muito trabalho a fazer, por parte dos bancos e dos supervisores, para garantir que o sistema opere como o previsto."

O acordo que leva o nome dessa cidade suíça foi firmado em 1988 por um conjunto de bancos centrais. Por ele, foram estabelecidas, pela primeira vez, normas internas de fixação dos fundos próprios mínimos dos bancos comerciais. O objetivo era garantir mais segurança para essas instituições, diante do surgimento de produtos como os derivativos, entre outros.

Na palestra, Bernanke não mencionou a economia americana, nem as questões do juro básico e da inflação, que há semanas preocupam os mercados. Predomina o receio de que o Fed vá aumentar, pela 17.ª vez seguida, o juro em 0,25 ponto porcentual, para 5,25% ao ano, para conter a inflação em sua próxima reunião, no fim do mês. Em tese, esse movimento poderia inibir o fluxo de recursos para os países emergentes, como o Brasil, ante o rendimento maior dos ativos denominados em dólares.