Título: Tucanos já não esperam o apoio da sigla em SP
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2006, Nacional, p. A7

O PSDB praticamente viu ser reduzida a zero, ontem, a chance de trazer o PMDB para o palanque do candidato José Serra. Os tucanos "jogaram a toalha" diante da exigência do ex-governador Orestes Quércia, presidente do PMDB em São Paulo, de ocupar o posto de vice na chapa encabeçada pelo ex-prefeito da capital, segundo relato de interlocutores de José Serra.

O sonho do tucano sempre foi a chapa pura, mas até aqui o pré-candidato ao governo paulista trabalhava com a hipótese de dar o posto de vice a um peemedebista. O ex-prefeito, porém, nunca demonstrou aprovação em relação a Quércia. Para Serra, mais confortável seria que o PMDB - neste caso sem restrições ao nome do ex-governador - ocupasse a vaga ao Senado, deixando assim o já aliado PFL sem indicar um representante, mas já contemplado com a Prefeitura de São Paulo, hoje nas mãos de Gilberto Kassab.

"Agora, se houver algum acordo com o PMDB, o movimento tem de partir do PMDB e do Quércia", afirmou um dos principais interlocutores de Serra.

O ex-prefeito, inclusive, já estuda nomes para a vaga de vice. Um dos cotados é o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, que abriu mão de sua pré-candidatura ao governo de São Paulo em prol de Serra. Apesar de atritos entre os dois no passado, à época em que Serra era ministro da Saúde, Paulo Renato é visto como um homem "preparado" para ocupar o posto de vice.

Os deputados paulistas Arnaldo Madeira e Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, também estão na lista para ocupar a vaga de vice. Sem o PMDB, a vaga de candidato ao Senado ficará com o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos.

Ontem, Quércia confirmou que não há em São Paulo, no momento, nenhum acordo fechado, nem com o PSDB de Serra nem com o PT de Aloizio Mercadante - que ofertou ao PMDB a vaga de vice. "Temos até o dia 24 para tomarmos uma decisão", disse Quércia, citando a data da convenção estadual do PMDB no Estado. Diante da decisão de ontem do partido na esfera nacional - de não ter candidatura própria nem convenção -, é provável que em São Paulo Quércia dispute o governo, contra Serra e Mercadante.

Disputando o Palácio dos Bandeirantes, Quércia - ainda que não fechado com o PT - ajudaria Mercadante a tentar evitar que o tucano vença no primeiro turno, como sugerem as pesquisas. De acordo com os mais recentes levantamentos, José Serra tem entre 61% e 66% dos votos válidos. Quércia reafirmou que ainda aguarda pesquisas encomendadas pelo PMDB para avaliar o potencial de crescimento de sua candidatura.