Título: MST faz 28 reféns em fazenda ocupada
Autor: João Naves
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2006, Nacional, p. A14

Mais de mil famílias ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST) e à Federação dos Trabalhadores na Agricultura(Fetagri) de Mato Grosso do Sul mantêm reféns, desde as 6 horas de ontem, 28 funcionários da Fazenda Teijin. Segundo líderes dos dois movimentos, não há previsão para a liberação dos empregados e do desbloqueio dos acessos ao local. A fazenda ocupada está situada em Nova Andradina, a 240 quilômetros de Campo Grande, região leste do Estado, e tem 28,5 mil hectares.

Também confinaram 10 mil bovinos em um cercado de 100 hectares e prometem deixá-los sem água e alimentação até a solução da questão judicial entre os proprietários e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Na terça-feira da semana passada, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3.ª Região determinou a suspensão do processo de demarcação e desapropriação do imóvel.

Uma semana antes da decisão judicial, o Incra marcara o dia - que seria sábado passado - da distribuição de terrenos para as 1.067 famílias. Elas estavam acampadas na estrada que passa em frente à fazenda desde 2004. Recentemente, obtiveram na Justiça licença para acampar dentro do imóvel.

Desde 2004, os sem-terra vêm construindo poços artesianos e grande parte da estrutura formada para as moradias das famílias.

Tanto o MST quando a Fetagri condenam a decisão do TRF em favor do Grupo Agropecuário Teijin, dono da fazenda. Os sem-terra alegam que a área foi declarada improdutiva pela perícia judicial determinada pela Justiça Federal há seis anos.

Em setembro de 2005, a defesa do Grupo Teijin protocolou recurso, julgado no dia 6. Em decisão unânime, a segunda turma concedeu a medida liminar para sustação do processo até a apreciação de tutela antecipada, formulada em recurso na ação principal.