Título: Bush procura capitalizar morte de terrorista
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2006, Internacional, p. A16

Empenhado em capitalizar politicamente a morte do chefe terrorista Abu Musab al-Zarqawi, na semana passada, e ganhar respaldo para a impopular guerra do Iraque, o presidente George W. Bush iniciou ontem dois dias de consultas com seus principais conselheiros e os comandantes militares no retiro de Camp David. Assessores disseram que não se deve esperar nenhuma decisão dramática do encontro e descartaram o anúncio de uma redução de tropas - o fato que, a curto prazo, provavelmente mais afetaria a percepção dos americanos sobre uma guerra que a maioria já considera ou perdida ou impossível de ser ganha. Mas os esforços da Casa Branca para apresentar a morte de Zarqawi como marco de uma virada no Iraque foram neutralizados pela má publicidade criada pelo suicídio de três prisioneiros em Guantánamo (ler na pág. 17).

Com o gabinete do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, finalmente completado pela nomeação, na semana passada, dos ministros da Defesa e do Interior, Bush ouviu, por teleconferência, avaliações geralmente positivas do comandante das forças americanas no Iraque, general George Casey, do chefe do Comando Central, general John Abuzaid (que comanda as operações no Iraque e no Afeganistão a partir de seu quartel-general no Catar), e do embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalizad.

"Penso que sua avaliação da situação é muito realista e que são válidas suas recomendações sobre como ganhar a guerra no Iraque e ter um Iraque que pode governor a si mesmo, sustentar-se e defender-se", afirmou Bush, de acordo com relato feito pela Casa Branca.

Dan Bartlett, um conselheiro sênior de Bush, minimizou declarações que Casey fez a um programa de TV no domingo, durante o qual o general indicou que as tropas americanas poderiam começar a deixar o Iraque gradualmente nos próximos meses. Bartlett ressalvou que Casey condicionou qualquer retirada à capacidade do governo iraquiano de lidar com a violência por seus próprios meios. E acrescentou que é uma visão demasiadamente estreita considerar os esforços dos EUA no Iraque apenas em termos de redução de tropas. De acordo com Bartlett, o foco dos dois dias de reunião é determinar como os EUA podem melhor ajudar o Iraque.