Título: Tarso cita Jarbas, Simon e Jobim como possíveis vices
Autor: Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2006, Nacional, p. A4

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, reafirmou ontem que o PT quer uma aliança "formal e jurídica" com o PMDB e seria "natural" o aliado indicar o vice na chapa petista para a Presidência. O ministro até citou três nomes do partido para compor a chapa com o PT, que ele resistiu em admitir que será encabeçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Tarso lançou os nomes do ex-governador pernambucano Jarbas Vasconcelos, do senador Pedro Simon (RS) e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim. "São quadros ilustres do PMDB, quadros importantes na nossa opinião", disse ontem em almoço-debate com empresários na capital paulista.

Cauteloso, Tarso fez questão de ressaltar que a aliança ainda não está fechada. Nesse momento, listou outros três nomes para vice. Segundo o ministro, "o ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PSB-CE ), o deputado Eduardo Campos (PSB-PE)e o vice-presidente José Alencar (PMR-MG)" seriam três nomes cotados. Ciro foi ministro da Integração Nacional, e Eduardo Campos, de Ciência e Tecnologia.

Em tom elogioso, Tarso avaliou que "o PMDB tem uma vocação importantíssima para o futuro do País" e "será no próximo período um partido de governo", mesmo que opte por não formar aliança com ninguém na eleição ou diante de uma vitória de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa.

Tarso era o protagonista do almoço e respondeu polidamente a todas as perguntas do empresariado, algumas bastante agressivas. Indagado se não era "feio o presidente da República mentir dizendo que não é candidato", não se abalou. "Não é somente uma questão política, é uma condição jurídica que ocorre numa determinada convenção. Então é absolutamente natural que qualquer presidente preserve essa situação enquanto não houver uma decisão que o vincule juridicamente a ela", esquivou-se.

MANTEGA

Outro ministro de Lula entrou ontem na discussão política, mas de forma menos diplomática do que Tarso. Guido Mantega, da Fazenda, disse que os tucanos estão com inveja dos bons resultados da economia no governo petista. Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem ao Estado o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Tem gente incomodada com o sucesso que o governo está conseguindo", afirmou, respondendo a críticas à condução da economia feitas por Alckmin. "Há uma certa dor-de-cotovelo tucana, e eles estão procurando argumentos para embaçar nosso sucesso", provocou o ministro, que ainda foi mais direto: "É inveja, despeito, críticas de quem gostaria que o País crescesse menos, mas para frustração deles isso não vai acontecer." Na avaliação de Mantega, as observações de Alckmin se baseiam em "argumentos capengas".

Rebatendo a acusação de que o governo Lula estaria promovendo uma "farra fiscal e cambial", Mantega afirmou: "Houve farra cambial no governo tucano." Ele observou que, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, o câmbio era administrado e "artificialmente valorizado". E havia, segundo seu relato, juros "estratosféricos". Hoje, disse Mantega, a situação é bem diferente. "Temos uma moeda forte a partir do nosso sucesso comercial. É uma valorização salutar."