Título: Ibope aponta crescimento de Alckmin e tendência de 2º turno
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2006, Nacional, p. A4

O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) cresceu 8 pontos porcentuais em um mês e meio e pulou de 19%, na primeira semana de junho, para 27%, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu 4 pontos porcentuais, de 48% para 44%, no mesmo período, segundo pesquisa Ibope feita para a TV Globo e divulgada ontem. A comparação entre as duas pesquisas tem ressalvas técnicas porque a de junho incluiu outros candidatos.

Com o resultado, o presidente Lula ainda venceria a disputa no primeiro turno, com uma margem de 6 pontos porcentuais, porque a soma dos demais candidatos chega a 38%, mas luzes amarelas se acenderam para ele. Segundo Márcia Cavallari, diretora do Ibope, a curva de tendência de Lula é declinante e "aponta para um segundo turno".

A pesquisa espontânea mostrou que 38% do eleitorado ainda está indeciso e não definiu o voto em 1º de outubro. Além de Lula e Alckmin, a senadora Heloísa Helena (PSOL) cresceu um pouco na pesquisa estimulada e chegou aos 8%. Alckmin cresceu depois que os programas de propaganda do PSDB lhe deram maior exposição pública, no mês de junho.

O ponto fraco do candidato tucano - e que desequilibra seu desempenho até aqui - continua sendo o seu baixo potencial de votação no Nordeste, onde agora chegou aos 13%, ao passo que Lula tem 66%. Nas outras regiões, a disputa é dura: Alckmin tirou a diferença no Norte/Centro-Oeste e agora Lula faz 39% a 31%; no Sudeste, onde a força do voto paulista o empurra para cima, Alckmin tem 34% e Lula, 37%; no Sul, Lula tem 33% a 27%.

Assim, o mesmo Nordeste que tem sido a salvação de Lula é também a perdição de Alckmin. O presidente tem uma dependência vital da região para manter a dianteira e o ex-governador precisa melhorar o seu porcentual lá para entrar de vez na disputa. O Nordeste, diz Márcia, quebra a homogeneidade dos mapas eleitorais dos dois.

POTENCIAL DE VOTO

A pesquisa Ibope, segundo os especialistas, mostra que Alckmin começa a ganhar potencial de voto e a se tornar competitivo à medida que se faz conhecido. Ele já consegue, por exemplo, herdar 54% dos eleitores que dizem ter votado em José Serra em 2002 e ainda ganharia o voto de 16% dos que, à época, votaram em Lula. Já o atual presidente, num patamar bem semelhante, está herdando 59% dos seus próprios votos e 17% dos que votaram em Serra.

Os dois candidatos constroem pirâmides diferentes. A preferência por Lula é maior entre os que têm até a 4ª série do primeiro grau (67%) e vai caindo à medida que a escala sobe até o ensino superior (34%). Já Alckmin faz a rota contrária: tem 24% entre os que estudaram só até a 4ª série e chega a 49% entre os que têm nível superior. Da mesma forma, Lula tem 68% da preferência entre os que ganham até 1 salário mínimo (Alckmin tem 21%) e 22% (Alckmin tem 60%) entre os que ganham mais de 10 salários mínimos.

Mas o candidato petista ainda é o franco favorito do eleitorado para ganhar as eleições de 2006: 59% dos eleitores acham que ele vencerá a disputa presidencial, enquanto apenas 18% acreditam na vitória de Alckmin e 3% apostam em Heloísa Helena.