Título: Roseana promete a Alckmin mais conversa, não apoio
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2006, Nacional, p. A7

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, visitou ontem a candidata do PFL ao governo estadual, senadora Roseana Sarney, durante passagem pelo Maranhão, e tentou convencê-la a não apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de contar com o apoio da Direção Nacional do PFL, o tucano obteve um resultado frustrante. Ao longo de quase uma hora de reunião em sua casa, na Praia do Calhau, Roseana evitou se comprometer com Alckmin. Ao final do encontro, ela foi evasiva: "Vamos conversar mais."

O início da conversa foi acompanhado pelo presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e pelo senador Heráclito Fortes (PFL-PI), que integra o conselho político da campanha. Depois, por cerca de 20 minutos, ela e Alckmin conversaram com o senador Edison Lobão (PFL-MA) e o candidato a vice do tucano, senador José Jorge (PFL-PE).

Os pefelistas e Alckmin queriam o apoio de Roseana como uma forma de enfrentar a força do senador José Sarney (AP), pai da senadora, que comanda no PMDB a campanha pela reeleição de Lula. "Farei aqui uma campanha nacional. Jamais vou entrar nas questões locais", prometeu Alckmin, para agradar Roseana. Depois de testemunhar a cortesia com que a senadora tratou Alckmin, Heráclito Fortes afirmou que "está tudo muito bem encaminhado para que Roseana fique neutra".

Na segunda à noite a direção do PFL baixou toda na casa de Roseana. Bornhausen indagou se ela receberia Alckmin e a senadora disse que sim. O tucano mudou sua agenda e foi direto do aeroporto para sua casa.

O interesse do PFL e do PSDB em resolver a bagunça política vivida pelo Maranhão é grande porque, sendo do PFL, e dando apoio a Lula, Roseana poderá criar um fato político de intenso simbolismo: uma candidata importante do PFL apoiando o presidente. Mas Bornhausen acha que esse perigo não existe: "Roseana vai votar no Alckmin."

A senadora tem mágoas do PSDB desde o início de 2002, quando, liderando as pesquisas para a disputa pela Presidência, foi surpreendida por uma ação da Polícia Federal na Lunus Empreendimentos, que tem em sociedade com o marido Jorge Murad. A PF encontrou R$ 1,34 milhão no cofre da empresa, apreendeu o dinheiro e levantou suspeitas de que a Lunus estava envolvida em fraudes. Roseana atribuiu a ação ao então pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Com o escândalo, a candidatura dela naufragou.

O PSDB do Maranhão nunca deixou de atacar Roseana e lançou a candidatura do deputado Aderson Lago, que está com 1% nas pesquisas contra quase 70% da pefelista. Aderson acusou Roseana de "infidelidade partidária" porque muros de São Luís apareceram com a inscrição "Roseana apóia Lula".