Título: Condoleezza tenta obter cessar-fogo 'sustentável'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2006, Internacional, p. A11

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, reuniu-se ontem em Jerusalém com o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert. Ambos enfatizaram a necessidade de desarmar o Hezbollah e obter um cessar-fogo rapidamente, mas desde que tenha bases duradouras. "Os EUA querem uma paz sustentável", ressaltou Condoleezza. Ela se reuniu depois com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e hoje participará em Roma de uma conferência para discutir a idéia de enviar uma força internacional de paz ao sul do Líbano. O envio dessa força - possivelmente a cargo da Organização do Tratado do Atlântico Norte - foi defendido a princípio pelos EUA e União Européia e obteve esta semana o apoio israelense, mas ainda não estão definidos os países que participariam (ler na pág. 12).

Também estarão na conferência representantes da ONU, UE, Egito, Jordânia e Rússia, entre outros, além do primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora. A maioria dos participantes concorda com a necessidade de cessar-fogo e envio da força de paz. Também estão de acordo em que algo tem de ser feito sobre a milícia do Hezbollah, que controla o sul do Líbano, de onde lança foguetes contra Israel . Mas o Hezbollah, o governo libanê s (do qual o grupo é membro minoritário) e países árabes moderados dizem que o desarmamento do Hezbollah só pode ser debatido depois do cessar-fogo, num diálogo interno no Líbano.

Durante visita de Condoleezza a Beirute na terça-feira, as propostas dela para o que chamou de "cessar-fogo viável" - que são as mesmas de Israel - tinham como pressuposto a libertação dos dois soldados israelenses em poder do Hezbollah e o envio do Exército libanês e da força multinacional à fronteira. Essa sugestão foi mal recebida pelo governo libanês, que exige cessar-fogo imediato e troca de prisioneiros.

Em Damasco, um membro do comando político do grupo islâmico palestino Hamas, Mohammad Nazal, afirmou que a troca de prisioneiros é a única maneira de Israel obter a libertação de seus três soldados. Dois foram capturados pelo Hezbollah e o outro pela ala militar do Hamas, quando militantes cruzaram a fronteira da Faixa de Gaza com Israel, há um mês.

Mas Nazal descartou a possibilidade de ação coordenada entre Hezbollah (xiita) e Hamas (sunita). "O único ponto em comum é que ambos enfrentam um inimigo que ocupa terras árabes", disse ele.