Título: Juro bancário é o menor desde 2001
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2006, Economia & Negócios, p. B4

A taxa média dos juros bancários para pessoas físicas e jurídicas caiu em junho, pelo quarto mês consecutivo, e atingiu 43,2% ao ano. É a menor taxa desde março de 2001, quando a média era de 42%. No caso das pessoas físicas, a taxa recuou para 55,8%, o menor nível desde o início da série do Banco Central (BC), em julho de 1994. A taxa da pessoa jurídica, que caiu para 28,8% ao ano, ficou no nível mais baixo desde agosto de 2004.

Ainda assim, o custo do crédito no Brasil continua elevado e o ritmo de redução caiu. Considerando a taxa do crédito em geral, a queda em relação a maio foi de 0,6 ponto porcentual - metade da redução verificada em relação a abril. O corte decorreu, basicamente, da redução dos ganhos dos bancos, o chamado spread, que recuou de 28,5% para 28% ao ano.

"O que explica esse movimento de queda no juro em junho na comparação com maio é a redução no spread, já que o custo dos bancos ficou praticamente parado", afirmou o economista da Tendências Consultoria, Adriano Pitoli.

Segundo ele, os bancos estão cortando o spread porque não haviam repassado totalmente ao consumidor as quedas na taxa básica de juros (Selic) dos meses anteriores. Em julho, dados do BC mostram que até o dia 13 a taxa média de juros caiu para 42,5% ao ano. Entre setembro e junho, o BC cortou a Selic em 4,5 pontos porcentuais.

No mesmo período, os spreads caíram 1,4 ponto porcentual e a taxa final recuou 4,9 pontos. Se fosse somada a queda da Selic com a redução nos ganhos dos bancos, o juro final teria de ter recuado cerca de 6 pontos.

EFEITO CÂMBIO "O custo do dinheiro dos bancos caiu em velocidade maior que os juros finais. Isso sempre acontece", disse Pitoli, que acredita que toda a queda da Selic será repassada ao consumidor e os spreads continuarão caindo por causa da previsibilidade econômica.

Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, os bancos repassaram totalmente os cortes na Selic aos clientes. "O fato é que eles iniciaram esse movimento antes que as reduções na Selic começassem", observou.

A taxa do crédito consignado caiu 0,7 ponto porcentual em junho, para 35,8% ao ano. Nesse período, o volume subiu 2,8%. Já o juro do cheque especial ficou, em junho, em 145,1% ao ano, recuando só 0,3 ponto porcentual em relação a maio. O volume de financiamentos nessa modalidade caiu 0,6% de maio para junho.

Para o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Luiz Troster, a valorização do real em junho é o principal fator para o ritmo fraco do crédito no mês passado. "Esse efeito do câmbio colocou a média de crescimento do crédito para baixo. Sem isso, a expansão seria de 1,6%. O crédito está crescendo bem", afirmou Troster.