Título: Santos pode dobrar reservas de gás
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2006, Economia & Negócios, p. B8

O volume de gás natural que pode ser descoberto na nova Bacia de Santos tem potencial para duplicar as reservas brasileiras do combustível, informou ontem José Luiz Marcusso, gerente-geral da Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UN-BS). A afirmação foi feita durante a inauguração da nova sede da companhia, localizada em Santos, no litoral paulista. As reservas provadas do Brasil hoje superam os 350 bilhões de metros cúbicos de gás. "Podemos duplicar isso", disse Marcusso.

A UNBS terá a tarefa de descobrir mais gás e petróleo na região, que, segundo alguns estudos, poderá alcançar a relevância atual da Bacia de Campos, responsável por 80% do abastecimento do País.

O investimento da Petrobrás na nova bacia demonstra a esperança que a estatal tem nos campos. Em dez anos, o montante pode alcançar US$ 18 bilhões. Entre 2007 e 2011, a Petrobrás fará investimentos de US$ 10,2 bilhões, US$ 3,3 bilhões em Exploração e Produção nos cinco pólos.

Durante a inauguração da nova sede, que deve promover uma profunda mudança econômica na Baixada Santista, o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, explicou que a Bacia de Santos deverá contribuir com até 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia a partir de 2010. Até há pouco tempo, a previsão era a metade disso.

O primeiro pólo a receber investimento será o de Mexilhão (existem outros quatro, que paulatinamente começarão a ser desenvolvidos, e estão contemplados no pacote global de investimentos).

GÁS NATURAL Somente o Pólo de Mexilhão - um campo descoberto que tem a vantagem de produzir apenas gás natural - terá capacidade de 15 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Esse volume se somará aos campos de Merluza (já em produção), BS-500, Centro e Sul. De acordo com Marcusso, que associou o desenvolvimento da Bacia de Santos ao compromisso de garantir auto-suficiência em gás natural no Brasil, a Petrobrás não informará volumes de reservas de gás e petróleo em Santos, por enquanto.

"Ainda é cedo para informar volumes, mas as indicações que recebemos são muito boas", afirmou. Hoje, metade do consumo brasileiro é abastecido pela Bolívia. Gabrielli disse que em 2010 pretende reduzir a dependência dos bolivianos a 30%.

Assim como não foram divulgados os volumes totais da Bacia de Santos, também ainda não se conhece o valor que a Petrobrás pagará de royalties à Agência Nacional do Petróleo (ANP), bem como o montante que será distribuído aos municípios da Baixada Santista. O dado será conhecido quando a produção começar. Pelos critérios de distribuição, os municípios precisam integrar parte da área geográfica do campo. Além disso, a reserva tem de estar em efetiva produção.

MELHOR NOTÍCIA O presidente da Petrobrás pediu que as cidades que receberão o recurso tenham projetos para garantir a sustentabilidade do ciclo de desenvolvimento promovido pela indústria petrolífera. "Petróleo e gás acabam.

O pagamento de royalties serve como uma compensação pela exploração de uma riqueza finita. É importante que o dinheiro seja usado com muito critério."

Só a presença da Petrobrás em Santos demandará volumes expressivos de bens e serviços. Gabrielli disse que, embora a companhia se volte à geração de demandas regionais, a preocupação é a de gerar encomendas no País. A empresa se empenha para que 66% das demandas sejam satisfeitas no Brasil. A participação regional maior nesse porcentual, disse, dependerá das políticas de desenvolvimento e da atração de empreendimentos a serem criados pela comunidade de prefeitos.

O prefeito de Santos, João Paulo Papa (PMDB), disse, após a solenidade que marcou a abertura da unidade, que promoverá um fórum com os prefeitos da região para discutir formas de aproveitar o impulso que será dado pela estatal. "Esta é a melhor notícia dos últimos 50 anos na região.