Título: PF prende no Sul quadrilha que praticava fraudes contra o INSS
Autor: Elder Ogliari
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2006, Economia & Negócios, p. B11

A Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que praticava fraudes contra a Previdência Social e prendeu 29 pessoas ontem, na região metropolitana de Porto Alegre, durante uma operação denominada Com Dor. O esquema envolvia diretores do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, despachantes e dois médicos e provocou um rombo já comprovado de R$ 6,7 milhões aos cofres públicos.

O superintendente regional da Polícia Federal, delegado José Francisco Mallmann, acredita, no entanto, que o prejuízo pode passar de R$ 30 milhões.

A operação policial foi resultado de três investigações que corriam paralelamente. A primeira, iniciada em novembro de 2004, descobriu que um escritório de despachante falsificava atestados médicos, principalmente por doenças psiquiátricas, utilizando nomes e registros de profissionais sem que eles soubessem. Funcionários do escritório forjavam os atestados e orientavam clientes a ludibriar os peritos do INSS para obter aposentadorias, cobrando R$ 400 pelo "serviço".

O segundo inquérito começou em maio de 2005 e apurou que diretores do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre recebiam auxílio-doença do INSS por incapacidade laboral, enquanto seguiam normalmente em suas atividades profissionais. O terceiro, instaurado em fevereiro de 2006, descobriu que uma ex-funcionária do sindicato aplicava o mesmo golpe associada a outro despachante e a dois médicos que emitiam atestados falsos.

Dos 31 mandados de prisão expedidos pela Justiça, a Polícia Federal conseguiu cumprir 29 durante a terça-feira, em Porto Alegre, Viamão, São Leopoldo, Alvorada e Guaíba.

Entre os presos estão a despachante Patrícia Escudero e funcionários do escritório, o dirigente sindical Itibiribá Acosta e os médicos Bóris Nadvorny e José Luis Grutcki, que já havia sido detido na Operação Fênix, em 2004, pelo mesmo motivo.

Os 20 homens foram conduzidos ao Presídio Central de Porto Alegre e as nove mulheres à Penitenciária Feminina Madre Pelletier.

Segundo Mallmann, depois da detenção dos comandantes, que serão indiciados por formação de quadrilha e estelionato contra a Previdência Social, a Polícia Federal sairá à cata das mais de mil pessoas que se beneficiaram do esquema. "Eles terão de devolver o dinheiro", avisa.