Título: 'A Varig está devendo até para restaurantes'
Autor: Alberto Komatsu e Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2006, Economia & Negócios, p. B14
O diretor-geral da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse ontem ao Estado que a agência reguladora nem chegou a cogitar punir a Varig por causa da suspensão de vôos nos últimos dias. Segundo ele, isso não ajudaria a resolver os transtornos nos aeroportos.
Por que a Anac não aplicou algum tipo de punição à Varig?
A velha Varig tem débitos até com restaurantes. De que adianta punir quem nem tem condições operacionais? Por isso, a saída que vemos é fazer a empresa voar com regularidade, mesmo num período de emergência.
Então a Anac avalia que, a partir de hoje, com o anúncio da malha de vôos, acabaram os problemas?
Não diria isso, porque a emergência continua. Os transtornos não acabaram, mas pelo menos agora a gente imagina que a direção da Varig saiba responder como é que pretende resolver os problemas.
A Varig cumpriu as exigências da Anac?
O que exigimos é que haja regularidade e previsibilidade, dentro das condições que ela têm de operar, com suas sete aviões e possivelmente mais dois que estão sendo negociados. Assim o usuário saberá que não tem vôo hoje para tal destino, mas tem amanhã. A Anac poderá ajudar nos lugares onde a Varig não operar e exigir que pague hospedagem e alimentação.
A Varig pode perder rotas por ter suspendido os vôos?
Ainda não, porque há um regime de recuperação judicial. O edital do leilão diz que a nova empresa tem 30 dias para montar a sua malha aérea a partir de ontem (segunda-feira), quando fez o depósito de R$ 75 milhões.
A Anac não foi muito condescendente com a Varig?
Nem um pouco. A Anac agiu no sentido de ajudar a Justiça do Rio a encontrar uma solução para a empresa. No entanto, estamos olhando também o futuro do mercado de aviação no Brasil, a concorrência, os preços que têm que caber no bolso do brasileiro.