Título: Rodada Doha é declarada oficialmente suspensa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2006, Economia & Negócios, p. B1

Os 149 países da Organização Mundial de Comércio (OMC) oficializaram ontem a suspensão por tempo indeterminado das negociações da Rodada Doha, encerrando 5 anos de tentativas fracassadas para reduzir as barreiras ao intercâmbio comercial global.

Em reunião, em Genebra, o Conselho Geral, instância máxima da OMC, acatou o parecer do diretor-geral, Pascal Lamy, que recomendava a suspensão das conversações sem fixar data para a retomada.

Lamy pediu aos países que evitem entrar na dinâmica de culpar uns aos outros pela suspensão da rodada e reflitam sobre o que está em jogo.

"Todo mundo sabe que esta é a rodada comercial mais ambiciosa dos últimos 50 anos", disse Lamy, insistindo que o que já está sobre a mesa "vale potencialmente mais que as duas ou três rodadas anteriores, e isso tanto para os países em desenvolvimento como para os desenvolvidos".

Na segunda-feira, Lamy havia anunciado que recomendaria a suspensão da rodada, que começou em 2001 na capital do Catar, depois do fracasso da reunião dos seis principais atores da OMC, o G-6 (Austrália, Brasil, Estados Unidos, Índia, Japão e União Européia).

Ontem, vários oradores lamentaram que os membros do G-6 tenham sido incapazes de chegar a um acordo. O fim de 2006 era a data-limite para um consenso sobre as novas regras do comércio mundial.

Crawford Falconer, embaixador da Nova Zelândia, que presidiu as negociações agrícolas, implorou para que não fossem retiradas as ofertas feitas até aquele momento.

A representante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, vai conversar no sábado, no Rio de Janeiro, com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, porta-voz dos países emergentes, a fim de tentar salvar a rodada. "É evidente que a Rodada Doha sofre de problemas graves, mas ainda não está morta", declarou Schwab.