Título: 'Economist' questiona expansão do Mercosul
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2006, Economia & Negócios, p. B3

A revista The Economist, em sua edição da próxima semana, afirma que a expansão do Mercosul "está pervertendo seu propósito". A publicação britânica observa que a entrada da Venezuela aumenta a população do bloco para 250 milhões de habitantes e seu Produto Interno Bruto para US$ 1,1 trilhão. "Mas arrasta o grupo para ainda mais longe de seu objetivo original de implantar uma integração ao estilo europeu na América do Sul."

Segundo a revista, a cúpula do Mercosul, na semana passada na Argentina, resultou em alguns gestos similares aos europeus, ao estimular a criação de um fundo com US$ 100 milhões para canalizar os petrodólares venezuelanos para os menores sócios do bloco, Paraguai e Uruguai. "Mas isso pode não compensar pelo stress causado com a entrada de novos membros que têm interesses disparatados e que, em alguns casos, são hostis em relação a partes do resto do mundo."

A revista observa que o Brasil e a Argentina convidaram a Bolívia, "governada pelo fervoroso nacionalista Evo Morales", para entrar no grupo. Isso, acrescentou a Economist, poderia fortalecer o "estridente coro antiamericano" liderado por Hugo Chávez e dividir o Mercosul entre um campo pragmático, liderado pelo Brasil, e um ideológico, capitaneado pelo presidente venezuelano.

A revista observa ainda que esse ambiente no bloco é especialmente preocupante com o colapso da Rodada Doha, que deverá estimular acordos comerciais entre regiões.