Título: Câmbio reduz criação de vagas
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2006, Economia & Negócios, p. B7

O governo conta com o aquecimento da economia no segundo semestre para cumprir a meta de gerar 1,3 milhão de empregos com carteira assinada este ano. Em junho, foram abertas 155.455 vagas, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Com isso, o saldo positivo acumulado no ano chega a 923.798 empregos. O crescimento, porém, é mais fraco que o registrado na primeira metade do ano passado. Em junho de 2005, foram abertas 195.536 vagas e, no primeiro semestre, o saldo estava em 966.303.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, reconheceu que o resultado ficou abaixo da expectativa. "No segundo semestre vai ser melhor. O resultado final vai ficar acima do ano passado", assegurou. Em 2005, o mercado de trabalho gerou 1.253.981 novas ocupações.

Marinho atribuiu o baixo desempenho ao efeito do câmbio sobre setores exportadores e à crise na agricultura, agravada pela seca no Sul. Ele admitiu que o comércio está criando menos empregos do que se esperava, diante do aumento do consumo das famílias. "Precisamos averiguar se o comércio não está contratando trabalhadores informalmente. Nossa fiscalização vai olhar isso."

Pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged), o desempenho do comércio como gerador de emprego caiu praticamente pela metade. No primeiro semestre de 2005 o setor foi capaz de oferecer 133.109 ocupações e, neste ano, apenas 71.702. A agricultura, segundo Marinho, está começando a reagir. Em junho o resultado foi inferior ao de 2005, mas, no acumulado do semestre, o saldo líquido de criação de empregos atinge 191.581, ante 187.494 do ano passado.

Marinho confia que a geração de empregos será maior no segundo semestre porque as taxas de juros continuarão caindo, animando a economia. "A redução poderia ser maior, mas o processo é de continuidade." Segundo o ministro, o crescimento da economia tem grande responsabilidade na ampliação de empregos. "Precisamos elevar o ritmo de crescimento da economia para aumentarmos o número de vagas ofertadas no mercado de trabalho."