Título: Acusação e defesa têm teses divergentes
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2006, Nacional, p. A7

Daniel Muñoz, médico legista há 30 anos, não tem nenhuma dúvida: o que aconteceu na casa de praia de Guaxuma foi um duplo assassinato. Fortunato Badan Palhares, médico legista há 32 anos, não tem nenhuma dúvida: o que aconteceu foi homicídio seguido de suicídio.

O laudo subscrito por Muñoz e sua equipe, peça-chave da acusação, afasta até a possibilidade de Suzana ter matado PC Farias e alguém tê-la executado depois. "Encontramos vários elementos que falam fortemente a favor de homicídio no caso de Suzana. Não existem provas de que ela se matou", aponta Muñoz, que é professor titular de medicina legal da Faculdade de Medicina da USP. Também assinam esse laudo o professor de medicina legal Genival Veloso de França e o professor de criminalística Domingos Tocheto.

O laudo subscrito por Badan e sua equipe, peça-chave da defesa, aponta para a outra tese. "Eu me sinto muito tranqüilo. Não só eu como todos os que comigo assinaram o laudo estamos convictos do que efetivamente aconteceu: homicídio e suicídio", reage Badan, especialista em medicina legal e anatomia patológica.

Muñoz: "Do ponto de vista técnico-científico, está furada a tese de que Suzana se suicidou. As provas a favor do suicídio não existem, ao passo que há elementos que indicam fortemente para o duplo homicídio." Badan: "Nossa conclusão é baseada em fatos reais, em dados concretos do levantamento de local e de todos os exames complementares realizados na Unicamp. Pessoas leigas e com interesses totalmente inconfessáveis acabaram se manifestando de forma que mereceu toda a atenção da mídia. A tese do duplo homicídio é um absurdo, ignorância. O primeiro laudo, realizado por 11 peritos, deixou tudo muito claro sobre as mortes de Guaxuma."