Título: PPS vai apoiar Alckmin, mas sem aliança formal
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2006, Nacional, p. A6

O PPS decidiu apoiar o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, mas não vai fechar coligação oficial com o PSDB. A decisão da executiva foi anunciada pelo presidente do partido, deputado Roberto Freire (PE), e aprovada pelos delegados em votação simbólica na convenção nacional do PPS, realizada ontem no Rio.

Freire explicou que as exigências da verticalização e de conflitos regionais entre tucanos e candidatos do PPS impediram que Alckmin tivesse a coligação oficial - e o tempo de televisão - com seu partido.

O deputado teve dificuldades para explicar a aliança informal, que quis chamar de formal e que foi finalmente classificada por ele de "apoio participativo". "Será um apoio político com participação, integração, tentando inclusive corrigir rumos, apresentando as nossas propostas de política econômica ao candidato Alckmin", disse o deputado.

Ele afirmou que o PPS levará sugestões para o programa de governo tucano, principalmente de mudanças na economia. Duro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo voltou a classificar de corrupto, Freire disse que o PT errou ao dar continuidade a uma política econômica "medíocre" e transformar o Brasil numa "república de banqueiros".

Apesar de admitir a herança do governo do PSDB, o deputado disse acreditar que Alckmin poderá romper o ciclo econômico que descreveu e citou como sinal o fato de o ex-governador de São Paulo ter procurado se cercar de economistas tucanos do chamado grupo desenvolvimentista - termo cunhado em oposição aos monetaristas liderados pelo ex-ministro Pedro Malan no comando da economia no governo de Fernando Henrique - e citou o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros e o economista Yoshiaki Nakano.

"Isso não é uma questão de princípio. É um problema de conjunturas políticas e econômicas. Esse ciclo neoliberal não começou com Fernando Henrique. Começou com Collor, que iniciou o programa de privatização e abertura da economia", afirmou, dizendo ter falado com Alckmin sobre o assunto.

Freire citou Tocantins, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Mato Grosso como os principais entraves regionais à aliança nacional com o PSDB. Nestes Estados, os principais adversários do partido, alguns históricos, são tucanos.

Para o deputado, a lei que obriga a repetição da aliança nos Estados é "absurda e antidemocrática". "Essa idéia da verticalização é um abuso autoritário. Haverá uma eleição nacional que não sei se chegará a ter nem cinco candidatos à Presidência. Partidos são forçados a abdicar de uma proposta nacional porque isso pode significar a sua morte no corredor da morte da cláusula de barreira", defendeu Freire.

O prefeito do Rio, César Maia (PFL), foi o convidado principal da convenção do PPS, que também sacramentou a aliança em torno da candidatura da deputada Denise Frossard (PPS) ao governo do Rio.