Título: Brasil é menos vulnerável, diz FMI
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2006, Economia & Negócios, p. B6

O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez elogios à condução da política econômica brasileira, dizendo que o País está menos vulnerável a turbulências externas, graças à redução das dívidas externa e interna e ao aumento das reservas internacionais, mas pediu ao governo que reduza a burocracia e os encargos sociais, para promover o crescimento.

Na sua análise periódica sobre a situação de cada um dos 184 integrantes do organismo multinacional, concluída dia 31, mas só divulgada ontem, o FMI disse acreditar que o Produto Interno Bruto brasileiro crescerá 3,5% em 2006, ante os 2,3% do ano passado. "Embora o crescimento esteja se recuperando e tenha uma base mais sólida, o Brasil pode conseguir muito mais", disse o relatório, acrescentando: "Os diretores do Fundo observaram que o desempenho favorável do Brasil comprova os benefícios da administração macroeconômica disciplinada. A manutenção de superávits fiscais altos ajudou a reduzir a dívida pública, enquanto a administração dos bens e das dívidas melhorou substancialmente sua estrutura, praticamente eliminando o risco cambial da dívida pública. A habilidosa e resoluta atitude do Banco Central no quadro das metas inflacionárias também desempenhou um papel vital na contenção das expectativas inflacionárias. Embora as perspectivas de curto prazo sejam favoráveis, a aversão ao risco verificada nas últimas semanas em relação aos mercados emergentes destaca a importância de se manter uma política prudente, que reduza a vulnerabilidade".

Em seguida, a instituição saudou o bom desempenho econômico brasileiro, "destacando a contínua expansão econômica, a convergência da inflação para as metas oficiais e o considerável reforço da posição externa. As vulnerabilidades foram reduzidas, na medida em que a dívida externa atingiu a sua menor relação com as exportações em mais de 25 anos, as reservas internacionais chegaram a um nível mais confortável e a composição da dívida interna melhorou". Isso, segundo o FMI, "levará o Brasil a uma estabilidade maior e ao crescimento no longo prazo".

Para os diretores do FMI, o maior desafio do Brasil é "desbloquear" seu crescimento potencial, e eles deram os seguintes conselhos: "O estímulo às perspectivas de médio prazo exigirá a consolidação da estabilidade macroeconômica, por meio da solidificação dos fundamentos institucionais, pela melhor eficiência do setor público e o subseqüente reforço das contas públicas. Ao mesmo tempo, será interessante levar adiante um ambicioso conjunto de reformas estruturais mais amplas, destinadas a melhorar a intermediação financeira, estimular uma economia mais aberta e reforçar o ambiente de negócios. Tal combinação de políticas ajudaria a reduzir as taxas de juros e daria condições para um crescimento maior da produtividade e dos investimentos, montando o cenário para um avanço no combate à pobreza e à desigualdade de renda".

Em seguida, os diretores do FMI afirmaram que "a redução dos pesados encargos sociais que inibem o mercado formal de trabalho pode desempenhar um papel-chave para reduzir a informalidade, promovendo a produtividade e o crescimento econômico. Com respeito à liberalização comercial, os diretores (do Fundo Monetário) estimulam as autoridades locais a continuarem a ter um papel de liderança visando à conclusão da Rodada Doha e a aprofundar a integração do Brasil à economia global".