Título: Mensalão estimula novas candidaturas
Autor: Denise Madueño e Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2006, Nacional, p. A4

A Câmara terá um dos índices mais altos de renovação nas eleições de outubro próximo. A previsão é de Antonio Augusto de Queiroz, presidente do Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar (Diap), ao estimar que quase metade dos 513 deputados será de novatos.

De acordo com o Diap, a renovação ficará na média histórica por causa dos escândalos que atingiram um grande número de parlamentares e acabaram desgastando o Congresso, como o mensalão e a máfia dos sanguessugas.

"Se não fosse essa crise política, a renovação seria pequena, porque os atuais parlamentares têm vantagens em relação aos que entram na disputa", afirmou Queiroz.

"Os atuais parlamentares têm nome conhecido, cabos eleitorais, financiamento de campanha, estrutura de gabinete, visibilidade, acesso aos veículos de comunicação da Casa. Em um cenário como esse levaria à baixa renovação. Mas ela será alta porque a imagem do Congresso está muito desgastada", explicou.

Queiroz estima que as vantagens comparativas acumuladas pelos parlamentares com mandato, como dinheiro para contratar auxiliares, ainda vão aliviar o número total de baixas. Ou seja, sem regalias, a renovação seria maior.

LEIS IMPORTANTES

Pelas projeções do Diap, a Câmara terá uma renovação em torno de 50%. Em 2002, a renovação foi de 46%; em 1998, de 43%; em 1994, de 54%, e em 1990, de 62%.

O presidente do Diap afirmou que a renovação será fruto, principalmente, da paralisia do Congresso e do desvio de conduta dos parlamentares, a despeito de leis importantes aprovadas, como a de biossegurança, a reforma do Judiciário - que pôs fim ao nepotismo -, a nova Lei de Falências e o fim do pagamento de salários extras a deputados e senadores.