Título: CPI investiga uma centena de parlamentares
Autor: Eugênia Lopes e Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2006, Nacional, p. A8

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da CPI dos Sanguessugas, informou ontem que são cerca de 100 os parlamentares e ex-parlamentares acusados de envolvimento na chamada máfia das ambulâncias. Gabeira relatou que esse número foi fornecido por Luiz Antonio Trevisan Vedoin, um dos donos da Planam, em depoimento à Justiça de Mato Grosso, na semana passada. A Planam seria a principal empresa a atuar na fraude de venda de ambulâncias a preços superfaturados para prefeituras, que pagavam com recursos liberados de emendas de parlamentares ao Orçamento da União.

Dos nomes mencionados pelo empresário, 90 são de parlamentares e 10 de ex-parlamentares. "A lista que o Luiz Antonio deu é maior do que a que nós tínhamos. Tínhamos chegado a uma lista de cerca de 60 parlamentares que tinham entregue suas senhas à Planam, e agora podemos trabalhar com tranqüilidade sobre 90 nomes de parlamentares e 10 nomes de ex-parlamentares. Mas não podemos afirmar que sejam todos culpados", afirmou Gabeira.

Segundo ele, é maior o número de parlamentares do Rio, de Mato Grosso e da bancada evangélica, mencionados por Vedoin. Gabeira disse ainda que, entre os 90 parlamentares com mandato estão 3 senadores e entre os 10 ex-parlamentares está pelo menos um ex-senador: Carlos Bezerra, ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no governo Lula e já denunciado pelo Ministério Público Federal à Justiça.

Gabeira, que iniciou ontem a leitura do depoimento de Vedoin, informou que o dono da Planam aponta entre 200 e 300 prefeitos como beneficiários de propina. "Um número impressionante." Ainda não está definida a data do depoimento de Vedoin à CPI, inicialmente previsto para o dia 25. O relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), explicou ontem que a comissão deve precisar de mais tempo.

O presidente da CPI, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), deve se reunir hoje com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que preside a apuração do caso. Biscaia pedirá a retirada do sigilo para que a CPI possa divulgar oficialmente os nomes dos 57 deputados suspeitos de envolvimento e que já eram investigados.

Destes, 15 já enfrentam inquérito no STF. No caso dos outros 42, há pedido de abertura de inquérito apresentado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

De acordo com Gabeira, o PSOL deve ingressar com uma representação no Conselho de Ética da Câmara pedindo abertura de investigação por quebra de decoro contra Pedro Henry (PP-MT) e Wanderval Santos (PP-SP), que foram absolvidos como mensaleiros e citados no caso Sanguessuga.