Título: Ataques israelenses matam mais 53 no Líbano
Autor: Reali Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2006, Internacional, p. A10
Israel bombardeou ontem Beirute e outras áreas do Líbano pelo sexto dia consecutivo, matando 53 pessoas e aumentando a destruição da infra-estrutura civil, no pior ataque ao país em duas décadas. Dez dos mortos eram pessoas que atravessavam uma ponte e outros seis, moradores de uma vila no sul. Com isso, elevam-se para 215 os mortos nos ataques no Líbano (201 eram civis). Mais de 500 pessoas ficaram feridas.
Ao mesmo tempo, o grupo islâmico libanês Hezbollah prosseguiu com os ataques contra o norte israelense, que já mataram 24 pessoas (12 civis) e feriram mais de cem. Mais de 40 foguetes caíram ontem em cidades e vilarejos perto da fronteira. Cinco pessoas ficaram feridas. Um dos projéteis quase atingiu o hospital de Safed e outro caiu num prédio de apartamentos em Haifa, a terceira maior cidade israelense. O edifício, de três andares, desmoronou, mas não houve vítimas. Vários foguetes atingiram Haifa e o governo israelense decidiu fechar o porto da cidade, deslocando o transporte de carga e passageiros para o porto de Ashdod, mais ao sul.
Em Beirute, o primeiro-ministro do Líbano, Fuad Siniora, estimou que os bombardeios israelenses causaram "bilhões de dólares" de prejuízos. "Israel está cortando o Líbano em pedaços", afirmou. Mas o vice-comandante do Estado-Maior israelense, Moshe Kaplinski, disse que a ofensiva continuará pelo menos por mais uma semana. Seu objetivo é forçar o Hezbollah a libertar dois soldados israelenses capturados dia 12 - fato que desencadeou o atual conflito.
A rádio militar de Israel informou que o governo pretende criar uma zona de segurança com extensão de 1 quilômetro no sul do Líbano, para impedir que militantes do Hezbollah se aproximem da fronteira. Ontem tanques israelenses entraram brevemente no Líbano. Segundo o diário israelense Haaretz, o Exército abriu fogo contra militantes do Hezbollah que tentavam infiltrar-se no país.
A maior preocupação do governo israelense é com os mísseis de longo alcance em poder do Hezbollah (ler ao lado). A existência desse tipo de projétil foi descoberta um dia depois de o líder do Hezbollah, o xeque Hassan Nasrallah, ter prometido usar "armas-surpresa" contra Israel.