Título: 'Lula precisa reclamar menos e pegar no batente'
Autor: Christiane Samarco e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2006, Nacional, p. A6

O candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, criticou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter afirmado, durante evento em Contagem (MG), que preferia governar para os pobres, que dão menos trabalho ao governo. "O presidente anda reclamando muito, se queixando demais. Ele precisa reclamar menos e pegar no batente", afirmou Alckmin, que passou o dia em Brasília e participou de reunião com o conselho político de sua campanha.

O tucano afirmou que o presidente Lula precisa adotar uma atitude de menos discurso, menos oratória e mais ação. "O caminho para diminuir a pobreza no Brasil é outro", pregou Alckmin, acrescentando que, se for eleito presidente em outubro, trabalhará para criar mais empregos e para aumentar a renda da população mais pobre.

Ele se recusou, no entanto, a comentar as críticas feitas mais cedo pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Numa resposta a declarações do próprio tucano, Mantega dissera que o ajuste fiscal promovido pelo ex-governador em São Paulo se resumiu ao corte de salários e de programas sociais.

NOTÍCIA RUIM

Também ontem, Alckmin recebeu uma notícia desfavorável para seus planos: em convenção em Brasília, o PSC desistiu de lançar candidato próprio à Presidência. Para a estratégia tucana, quanto mais concorrentes houver, maiores serão as chances de a disputa ir para o segundo turno, o que beneficiaria o ex-governador paulista, segundo colocado nas pesquisas.

Mas o resultado é sobretudo uma derrota para o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que era candidato e foi preterido por seu partido, o PMDB. Embora houvesse três concorrentes a disputar a Presidência, o mais provável era que o PSC escolhesse Rogério Vargas, ex-secretário de Administração do governo do Rio e aliado de Garotinho. O ex-governador tinha planos de aproveitar o horário eleitoral do partido para fazer críticas a Lula e ganhar visibilidade nestas eleições.

Na convenção do PSC, porém, prevaleceu a tese de que uma candidatura presidencial inviabilizaria as alianças estaduais e prejudicaria os candidatos a deputado. O partido espera, pelo menos, reconduzir seus sete deputados à Câmara.