Título: Tolerância com meta pode diminuir, diz Bevilaqua
Autor: Gustavo Freire e Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2006, Economia & Negócios, p. B7

A estabilidade economia brasileira e sua resistência a choques externos poderá abrir espaço para que o governo diminua o intervalo de tolerância para cumprimento da meta de inflação. A mudança, de acordo com o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, terá de ser feita após uma observação cuidadosa do comportamento da economia ao longo de um período de cinco a dez anos.

O intervalo de tolerância hoje é de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. O diretor lembrou que, até o ano passado, o governo trabalhava com uma margem maior, de 2,5 pontos porcentuais. "Já fizemos alguma redução." Em outros países que adotam um regime de metas de inflação parecido com o brasileiro, o intervalo de tolerância chega a apenas 1 ponto porcentual.

Bevilaqua BC também defendeu que a idéia de que a meta continue sendo avaliada com base em um índice cheio de inflação e não nos chamados núcleos de inflação. A afirmação foi uma resposta a alguns dos críticos do sistema de metas , para quem avaliar o cumprimento da meta por um índice pleno dificulta a queda dos juros.

"Para coordenar as expectativas do mercado, é melhor trabalhar com o índice cheio", afirmou Bevilaqua. Ele lembrou que muitos países migraram de uma meta balizada pelo núcleo de inflação para o índice pleno exatamente pela dificuldade em coordenar as expectativas. "Fica difícil explicar aos agentes que a inflação está subindo, mas os núcleos estão em queda."