Título: Companhia transporta 30% da energia gasta no País
Autor: Teresa Navarro
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2006, Economia & Negócios, p. B8

Responsável pelo transporte de um terço da eletricidade consumida no País, a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP) já foi considerada estratégica para o Estado de São Paulo. Exemplo disso é que a empresa ficou fora do Programa Estadual de Desestatização criado nos anos 90, quando a Cesp foi dividida em três partes. Duas delas estão nas mãos da iniciativa privada, da Duke Energy e a AES Tietê.

Na época, o governador Mario Covas afirmou que a privatização das geradoras era possível porque o elo entre elas, a transmissão, permaneceria estatal. O controle do Estado sobre a transmissão de energia visava manter entre as geradoras e distribuidoras de energia um papel de regulador do setor elétrico no Estado, quando o arcabouço regulatório ainda não estava definido.

Com a regulamentação do setor e o sucesso das licitações na área de transmissão, com grande disputa entre os investidores, os planos foram mudados. A empresa, que surgiu em 1999, na fusão com a EPTE, outra transmissora criada a partir da divisão da Eletropaulo, tem mais de 11 mil quilômetros de extensão em linhas e corta o principal Estado do País.

Na opinião de Marcelo Parodi, da Comercializadora de Energia Elétrica, a privatização da CTEEP é muito importante para o Estado porque vai ajudar a equalizar a dívida da Cesp, o último ativo de energia de São Paulo, ao lado da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae). A geradora tem uma dívida de R$ 10 bilhões e também tem planos de ser privatizada.

Para o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), a única preocupação com a privatização da empresa é com os preços de mercado. A vencedora do leilão, a colombiana ISA, pagou quase 60% de ágio na transmissora. "O problema é que pagam um preço elevado e depois saem correndo atrás do órgão regulador para pedir revisão de tarifa", diz Paixão. Segundo ele, além do preço, é preciso saber se a companhia vai manter a qualidade dos serviços que até então vinha sendo oferecida.