Título: TAM compra mais 37 aviões
Autor: Alberto Komatsu e Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2006, Economia & Negócios, p. B15

No momento em que a Varig vive sua pior crise, a TAM assinou um memorando de entendimentos com a Airbus para a aquisição de mais 37 aeronaves. A preço de tabela, os aviões estão avaliados em US$ 1,9 bilhão. Parte das aeronaves vai substituir os 22 modelos Fokker100 que a TAM ainda mantém em operação.

A encomenda encerra de vez a perspectiva de compra de jatos da Embraer, como se chegou a cogitar. Ao invés do Embraer 190, de cem lugares, a TAM optou por aeronaves maiores da própria Airbus, modelos A 319 e A 320, de 144 e 174 lugares respectivamente.

A TAM também anunciou que revisou para cima seu plano de frota até o fim do ano, de 90 para 96 jatos. A TAM tem sido uma das maiores beneficiadas pela crise da Varig.

A empresa, que tinha 45,6% de participação em maio, deve chegar a quase 48% neste mês, quando a crise da Varig chega a um ponto crítico.

Segundo a TAM, o aumento da frota se justifica pelo crescimento da demanda no mercado doméstico. No mercado de aviação, a expectativa era que a empresa só anunciasse novas economendas em julho, durante a feira internacional de Farnborough, na Inglaterra.

FROTA

Assim como a TAM, a Gol também tem antecipado encomendas e ampliando agressivamente sua frota. Anteontem, a empresa aumentou de 60 para 62 aeronaves seu plano de frota até o fim do ano. Foi a segunda revisão para cima em 40 dias.

Os 37 novos aviões da TAM, pedido que ainda precisa ser formalizado em contrato, estão previstos para ser entregues até 2010 - ano em que a TAM pretende contabilizar uma frota de 127 aviões.

O pedido está dividido em 15 modelos A319, 16 A320 e seis A330, este último usado em rotas internacionais de longo curso. No ano passado, a empresa já havia firmado com a companhia européia um contrato firme de compra de 29 jatos A320, além de 20 opções de compra do mesmo modelo.

EMBRAER

A TAM passou quase um ano para decidir se substituía os Fokker 100 pelo A318 ou pelo Embraer 190 - usados em rotas de menor densidade - ou se abandonava de vez esse tipo de operação.

"O aumento da densidade de tráfego justifica operarmos com aviões maiores, o que resultará em menor custo por assento quilômetro", afirmou o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna. "A decisão está alinhada com nossa proposta de ser uma companhia de baixos custos operacionais, com serviço diferenciado e preços competitivos."

Ontem, a previsão dos analistas financeiros era de que as ações da Embraer deveriam sofrer o impacto negativo da decisão da TAM. Pelos cálculos do analista da corretora Ágora Sênior, Alexandre Garcia, o contrato poderia ter rendido US$ 700 milhões à Embraer.

Para atrair a TAM para o negócio, o BNDES chegou a criar uma nova linha de financiamento. O governo estadual de São Paulo também isentou de ICMS a compra de jatos do porte do EMB 190 e 195, para tornar o equipamento nacional mais competitivo.