Título: 'Turista não anda com real no bolso'
Autor: Nilson Bandão Júnior ... [et al]
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2006, Economia & Negócios, p. B4
Brasileiros que desembarcaram ontem de vôos internacionais em São Paulo receberam a notícia de que as compras em free shops poderão ser pagas em real com uma expressão, digamos, interrogativa. Questionados sobre o que achavam da medida, franziam a testa e perguntavam: "Qual é o sentido?"
A família Ornelas, que tinha acabado de gastar US$ 1 mil no free shop do Aeroporto de Guarulhos, não vê diferença em pagar as compras em dólar ou real. Para a comerciante Valéria Ornelas, a medida só faria sentido se o País estivesse passando por um momento de instabilidade econômica. "Nesse caso, pagar em real nos livraria do risco de perder dinheiro quando parcelamos no cartão de crédito", disse.
Mas o pagamento no cartão ainda não foi pensado pelo Ministério da Fazenda.
"De qualquer forma, é uma ação pequena, que não faz sentido nenhum", comentou o marido de Valéria, o economista Marco Antônio Ornelas, carregando um carrinho com muito chocolate, perfumes, vinhos e relógios. Parte do "carregamento" é encomenda para familiares. Ontem eles voltavam de férias em Buenos Aires. É a terceira vez que fazem uma viagem internacional. Sempre passam no free shop.
A gerente de RH Luciana Montuanelli, consumidora habitual do free shop, também não considera vantajosa a possibilidade de pagar com a moeda brasileira. Franziu a testa, como tantos outros, quando soube da medida. "Quem compra em free shop não compra por ser em dólar ou real, mas por causa da isenção do imposto", disse ela, ao chegar ontem do Chile.
O empresário Alexandre Oliveira veio no mesmo vôo de Luciana e passou no free shop para comprar perfumes para uma amiga. "O turista não anda com real no bolso. Quando chegar ao Brasil vai querer gastar o dólar para não ter de trocar e perder dinheiro."