Título: Dólar despenca durante anúncio das medidas
Autor: Nilson Bandão Júnior ... [et al]
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2006, Economia & Negócios, p. B4

Nem mesmo as medidas anunciadas pelo governo e o leilão de compra de dólar realizado pelo Banco Central (BC) na tarde de ontem foram suficientes para impedir mais um recuo da moeda americana. O dólar comercial encerrou os negócios no menor valor do dia, cotado por R$ 2,190, uma queda de 0,59% em relação à terça-feira. O BC fez leilão à tarde, aceitou 13 propostas e, segundo operadores, pode ter comprado de US$ 300 milhões a US$ 350 milhões.

O economista-chefe do Banco M. Safra, Marcelo Fonseca, acredita que as medidas cambiais podem levar a uma valorização do real no longo prazo. A análise de Fonseca leva em consideração que as medidas tornarão as empresas nacionais mais competitivas, aumentando o volume das exportações. "Isso representaria um ingresso maior de dólares para o País", afirmou. As medidas funcionariam, portanto, como um estímulo ao exportador porque os custos de suas vendas seriam menores.

No curto prazo, Fonseca acredita que o efeito das medidas se restringe ao aumento da margem de lucro dos exportadores, mas ele descartou a possibilidade de redução de oferta interna como possível conseqüência de uma elevação das exportações.

Na entrevista para divulgação do pacote, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou que as medidas anunciadas hoje certamente terão impacto na taxa de câmbio. "O quanto eu não sei avaliar", disse, justificando que o governo não tem um patamar definido para a taxa de câmbio e, por isso, não pode fazer essa previsão. "O câmbio é flutuante mesmo", afirmou. Para Mantega, as medidas visam "atenuar a valorização do real, porque em países bem sucedidos, com sobra de moeda forte, a tendência é que haja valorização de sua moeda, como ocorre no Brasil. "

Além do pacote, o ambiente externo positivo até o fechamento do dia e o início da rolagem de contratos futuros de dólar, com predomínio das apostas na baixa, influenciaram o recuo das cotações. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), à exceção da alta de 0,26% projetada para o contrato de dólar de novembro, os seis demais vencimentos negociados projetaram quedas. O vencimento mais longo, abril/07, registrou desvalorização de 0,28%, a R$ 2,322. Esses dados confirmam a análise do economista Marcelo Fonseca.