Título: Para AEB, balança não vai ser alterada
Autor: Nilson Bandão Júnior ... [et al]
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2006, Economia & Negócios, p. B4

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou ontem a primeira revisão anual das projeções para a balança comercial, certa de que não haverá influência do pacote cambial lançado ontem pelo governo nos resultados das exportações em 2006. "O pacote é de redução de custos, não para melhorar a taxa de câmbio", disse o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro.

A previsão para o saldo na balança caiu de US$ 41,8 bilhões para US$ 38,1 bilhões. Caso a estimativa seja confirmada, haverá queda de 15% no superávit previsto para este ano em relação a 2005, provocada pelo crescimento das importações em ritmo mais acelerado do que o das exportações. Apesar da redução prevista, ele considera o saldo projetado "excelente nominalmente".

Castro observa que o mercado interno está crescendo sob influência do crédito consignado, que interfere em setores desvinculados de importações, impedindo as compras do exterior de crescerem em ritmo ainda mais rápido. Para a AEB, as importações vão somar US$ 89,07 bilhões em 2006, com aumento de 21% ante 2005. "O aumento poderia ser bem maior com esse dólar favorável", avalia.

No caso das exportações, a projeção é de US$ 127,2 bilhões, 7,4% mais do que o apurado em 2005. Segundo Castro, a melhoria no resultado das exportações deve-se às commodities, especialmente petróleo e minério.

O cenário projetado pela AEB não sofreu impacto do pacote cambial. Para Castro, como iniciativa de "racionalização e desburocratização", o pacote deverá reduzir custos em até 2% por operação de exportação. Mas, não aumentará a taxa de câmbio porque não vai alterar a oferta de dólar no País.

"No curto prazo as empresas já fecharam os contratos por Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC)." Já no longo prazo as empresas poderão retardar a entrada de divisas no Brasil, e o menor ingresso poderá elevar a taxa de câmbio.

Segundo ele, as empresas que vão aproveitar os benefícios do pacote são aquelas que são importadoras e exportadoras, como Petrobrás, Embraer e as indústrias automobilística e eletroeletrônica. Mas as empresas que exportam commodities, como a Companhia Vale do Rio Doce, não deverão usufruir dos benefícios.