Título: 'Negociação não está encerrada'
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2006, Economia & Negócios, p. B10
O Brasil pretende insistir nas negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), apesar do fracasso da Rodada de Doha, disse ontem o ministro da Agricultura, Luis Carlos Guedes. "Se não houver alternativa, negociaremos de forma bilateral, mas o Brasil sempre privilegiou a OMC", afirmou. "As negociações multilaterais não estão encerradas, nosso esforço continuará nesse sentido."
Guedes, que participou de reunião na Associação Comercial do Rio, acredita que o Brasil não terá prejuízos imediatos na área agrícola com a lentidão nas negociações na OMC, mas disse que "isso nos cria dificuldade para ganhar".
Ele afirmou que as negociações multilaterais "estão se prolongando muito além do esperado", mas lembrou que a Rodada do Uruguai da OMC perdurou por oito a nove anos.
Segundo o ministro, para ganhar espaço no mercado mundial, a agricultura brasileira precisa elevar a competitividade. Ele disse que o setor passa por uma "crise grave", provocada por uma conjunção de fatores, como problemas climáticos, queda nos preços das commodities e valorização do real, "que levou a uma queda substancial na renda do setor".
Guedes afirmou que o governo tem apoiado os produtores rurais "dentro do limite" e já prorrogou em R$ 20 bilhões as dívidas do setor, além de interferir na comercialização de alguns produtos da safra, o que não ocorria há muitos anos. "A crise é grave, mas será superada."
Para ele, é preciso também investir em infra-estrutura para reduzir problemas logísticos e elevar a competitividade. Sobre o endividamento dos produtores, Guedes disse que "é impossível tapar esse buraco"" já que a prorrogação das dívidas tem custos para o Tesouro Nacional. Ele contou que encomendou estudos para a criação de um seguro agrícola no País para socorro produtores no caso de quebra de safra.