Título: Mercadante esquece SP e sai em defesa de Lula
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2006, Nacional, p. A8

O candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Aloizio Mercadante, assumiu ontem em campanha uma postura muito mais de cabo eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que de postulante ao Palácio dos Bandeirantes. Para uma platéia de cerca de 300 pessoas, na Conferência Nacional dos Bancários, na capital paulista, o petista reiterou críticas à gestão do PSDB no Estado, mas a tônica do seu discurso foi o cenário político nacional - em especial os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso.

O ponto alto das acusações foi quando se referiu à pequena participação do ex-presidente nas campanhas tucanas. "Cadê o Fernando Henrique? Ele está clandestino no debate político. Se esconde porque não pode comparar oito anos de governo PSDB, com três anos e meio do presidente Lula."

Sob aplausos, o candidato ironizou: "Eu vou pedir ao partido para abrir espaço em nosso programa para o Fernando Henrique poder se defender."

Em desvantagem na disputa com o candidato José Serra (PSDB), Mercadante tenta federalizar o debate com o objetivo de colar sua imagem à do presidente Lula e melhorar seu desempenho. Serra usa a mesma tática, mas para tirar do foco da gestão do ex-governador Geraldo Alckmin - candidato a presidente.

Ontem, Mercadante voltou a bater no problema da criminalidade em São Paulo. Ele criticou a proposta de Serra de construir grandes presídios no Estado. "É um discurso contraditório. Quando implodiram o Carandiru, eles diziam que iriam inaugurar uma nova política de pequenas unidades."

Sobre a proposta de Serra de rever os contratos com as concessionárias de estradas, Mercadante deu outra estocada. "Essa pauta de revisão foi colocada porque o governo federal está fazendo um processo de concessão com valor mais baixo do que de São Paulo."

O petista prometeu rever o número de pedágios e o valor das tarifas no Estado e ainda instituir um sistema eletrônico de cobrança em que o motorista pague pelo quilômetro rodado.

Durante corpo-a-corpo na zona sul da capital, o candidato petista arriscou uns passos de forró. "Para fazer campanha, ele é bom. Mas para dançar forró, nem tanto", disse Irani Batista da Silva, de 38 anos, rindo.