Título: Falta de dinheiro freia ritmo das campanhas
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2006, Nacional, p. A9

Os principais candidatos à Presidência padecem do mesmo mal: falta de dinheiro. A uma semana da primeira prestação de contas à Justiça Eleitoral, os comitês financeiros dos partidos estão às voltas com dificuldades para impulsionar as campanhas e cobrir as primeiras despesas. Os doadores continuam ariscos e tentam ganhar tempo. "Eles estão com medo de escândalos", aposta o coordenador financeiro da senadora Heloísa Helena, do PSOL, Martiniano Cavalcanti, numa referência às denúncias de caixa 2 nas campanhas de 2002 e 2004.

Apesar da vantagem nas pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escapa do período de vacas magras. O petista José de Filippi Júnior, tesoureiro de sua campanha, já reclamou que o volume de recursos arrecadados ainda não dá para cobrir as despesas. Está devendo uma parcela do contrato de R$ 8,2 milhões com o marqueteiro João Santana, que vai produzir os programas de propaganda de Lula no rádio e televisão.

O comando da campanha do tucano Geraldo Alckmin também não esconde preocupação com o caixa. O coordenador executivo, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), e outros políticos estão correndo atrás de doações, mas reconhecem que o total arrecadado não dá para pagar as despesas. Sem dinheiro, falta material de propaganda e empolgação nas campanhas.

Os políticos aumentam as pressões junto aos comitês centrais pedindo material como cartazes, adesivos e outros atrativos para colar o presidenciável nas campanhas estaduais. "Está faltando campanha", resumiu Guerra. Na quinta-feira, recebeu pessoalmente a queixa do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), que se confessou impressionado com o ritmo lento da campanha e a falta de material. O próprio Alckmin tem sentido as dificuldades financeiras em suas andanças, sobretudo no Nordeste. Por enquanto, apenas adesivos de roupas e cartazes dos candidatos estaduais dão cor à campanha.

Já a senadora Heloísa Helena está inflexível: não aceitará contribuição de empresas. Com poucos recursos, ela vai tocando sua campanha com a ajuda de simpatizantes. Enquanto Alckmin alugou um avião para viajar e Lula se desloca no Boeing presidencial, Heloísa usa aviões de carreira ou viaja de carro.

No dia 10 de agosto, a senadora lançará a campanha da "contribuição cidadã", mas o esquema já começou. "Estamos recebendo cheques e e-mails de gente que nem tem vinculação com a esquerda pedindo para contribuir", disse Cavalcanti. Como prova, mostrou alguns cheques. Murilo Gomes, do Rio, mandou um no valor de R$ 100,00 e escreveu: "É a primeira vez em meus 69 anos que faço este tipo de doação para partido político. Como a senhora, foi frustrada a minha última esperança em 2002."

Heloísa vai promover jantares para arrecadar dinheiro, o que também já está previsto pela equipe petista.