Título: Alckmin vai ao ES e ainda sonha com apoio de Hartung
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2006, Nacional, p. A11

O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, fez campanha ontem na capital do Espírito Santo sem a recepção do governador Paulo Hartung (PMDB). Candidato à reeleição em coligação com PFL e PSDB, mas com apoio do PT, Hartung decidiu ficar neutro na campanha nacional e viajou ontem para o interior, em local não divulgado por seus assessores.

Alckmin afirmou não haver mal-estar e fez elogios ao governo de Hartung, dizendo que sua gestão "é um modelo", num sinal de que ainda pretende atraí-lo. "Política não se obriga, política se conquista", disse o ex-governador, que declarou ter ficado satisfeito com o apoio que recebeu de prefeitos e candidatos a deputado do PMDB gaúcho, apesar de não ter conseguido a adesão do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB). "O que sinto é que o eleitor do PMDB é muito mais próximo de nós do que do PT", argumentou o candidato.

Em crescimento nas últimas pesquisas e cada vez mais próximo de levar a disputa com Lula para o segundo turno, Alckmin termina a semana com apoios de peso - que minimizam qualquer desconforto com a ausência de Hartung. Esta semana, ele foi a Minas receber o apoio do ex-presidente Itamar Franco (PMDB), consolidado depois de forte atuação do governador mineiro, Aécio Neves (PSDB).

Alckmin fez campanha nas ruas de Vitória, onde pediu votos ao lado do ex-prefeito da capital Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB), que o recebeu no aeroporto, e do tucano Ricardo Ferraço, vice na chapa de Hartung e coordenador da campanha tucana no Estado. No Clube Náutico de Vitória, conhecido por sediar bailes funk, Alckmin foi recebido por correligionários e assistiu a uma apresentação de um grupo de congo, dança folclórica típica do Espírito Santo.

SEGURANÇA

Num Estado que, como São Paulo, enfrenta problemas no sistema penitenciário e altos índices de criminalidade, Alckmin quis falar sobre a questão da segurança pública e afirmou que pretende fazer do combate à violência uma tarefa do governo federal - discurso que vem adotando desde que começaram os ataques do PCC, em São Paulo. Ele disse que não conhece o trabalho da Força Nacional no Espírito Santo, bem avaliado por Hartung, mas considerou que só isso não resolve o problema da violência. E não quis dizer se acabaria com a Força Nacional, criada por Lula. "Vamos avaliar. Minha idéia não é acabar com as coisas, é fazer coisas que sejam mais eficientes. Hoje o governo manda a Força Nacional, mas não libera dinheiro. E está tirando polícia de um Estado para mandar para outro."

O tucano declarou ainda que, se eleito, uma de suas primeiras tarefas será regulamentar a emenda constitucional da Previdência, para criar um fundo de pensão para os novos funcionários públicos. Alckmin afirmou que o estabelecimento de uma idade mínima para a concessão de aposentadorias precisa ser estudada, mas que o principal problema é a informalidade. "Se todos os trabalhadores estivessem contribuindo (para a Previdência), não estaríamos numa situação tão grave."

Sobre o escândalo dos sanguessugas, o tucano voltou a responsabilizar o governo Lula, candidato à reeleição pelo PT. "Isso (o escândalo) mostra que cada gaveta nova que o governo federal abre tem um escândalo novo. Parece uma história sem fim. Isso mostra que o governo federal não tem controle sobre os gastos públicos", afirmou Alckmin. Ele voltou a defender a utilização do pregão eletrônico - sistema de compras públicas já realizado pelo governo de São Paulo -, para compra de ambulâncias e outras aquisições do governo, acabaria com qualquer irregularidade de superfaturamento de preços.