Título: Lula se mostra surpreso com as críticas do governador
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2006, Nacional, p. A4
O presidente Lula recebeu com surpresa a declaração do governador Cláudio Lembo, que o chamou de desequilibrado e demagogo anteontem. Desde a onda de violência de maio, Lula tinha relação de boa vizinhança com Lembo, causando perplexidade na cúpula do PFL, partido do governador e aliado de Geraldo Alckmin. A assessores, Lula avisou que não falaria sobre a crítica de Lembo. Diante das pesquisas que mostram crescimento de Alckmin, ele avaliou que reagir ou brigar agora não teria boa repercussão.
O Planalto preferiu deixar para aliados a resposta a Alckmin e ao candidato ao governo José Serra, que sugeriram ligação entre PT e PCC. "A posição do governo federal é de que precisamos deixar de lado questões de natureza política e eleitoral para resolver o problema", disse um assessor que esteve com Lula. "Nada pode alterar a perspectiva de ação conjunta."
O candidato do PT ao governo, senador Aloizio Mercadante, foi um dos escalados para reagir ontem. Em Bragança Paulista, onde foi ao 8º Congresso do Sindsaúde, ele voltou a culpar os governos tucanos pela crise, mas poupou o governador: "Infelizmente Lembo herdou uma situação caótica, ele está há pouco tempo no governo."
Também não subiu o tom ao ser indagado sobre declarações de Lembo. "O presidente Lula é homem de grande experiência e responsabilidade e está lidando de forma serena com a crise, buscando parceria", disse apenas. Mas reclamou das acusações do PSDB, classificando-as de "uso eleitoreiro" da crise.
Para ele, a "política de segurança pública nestes 12 anos de PSDB-PFL foi um desastre" e, por isso, "o crime organizado tomou conta" das ruas. "Foi nesse período que o PCC cresceu. Não vamos deixar de apontar as responsabilidades."
O ministro Tarso Genro, das Relações Institucionais, disse que, por si, a desconfiança de ligações entre PT e PCC não preocupa, por ser "gritantemente absurda e profundamente asquerosa". Ele disse temer que a oposição aposte em radicalizar o confronto eleitoral, dividindo tarefas entre PSDB e PFL.