Título: Alckmin endossa ataque a Lula, mas esfria crise com PT
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2006, Nacional, p. A4

O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, endossou ontem as críticas do governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao Estado, na quinta-feira, o governador chamou Lula de "desequilibrado". "Lembo é muito verdadeiro", afirmou Alckmin, após desembarcar na capital sergipana, onde fez a primeira passeata da campanha.

Mesmo evitando acirrar o debate com o seu principal adversário sobre a crise da segurança pública em São Paulo e adotando uma estratégia de cautela, para não ficar na defensiva, Alckmin cobrou posições claras do governo federal. "Infelizmente isso (pacote anunciado ontem pelo governo) acontece sete meses depois", disse o tucano, ressaltando que a liberação de R$ 50 milhões para o fundo penitenciário deveria ter ocorrido já em janeiro.

Alckmin, que havia tomado conhecimento das medidas na véspera, juntamente com Lembo, prevê que a verba só sairá no próximo ano. Para ele, Lula não conseguiu avanços na questão da segurança pública, nem uma ação conectada com os Estados. Ele comparou dados de agora com os do governo de Fernando Henrique Cardoso, afirmando que o tucano investiu mais no fundo penitenciário.

"Agora, precisamos ver quando vai sair esse dinheiro, pois não tem convênio, não tem obra licitada. Mas toda ajuda é positiva. É lamentável que o governo federal tenha anunciado medidas só depois dos problemas", voltou a alfinetar.

Depois de se reunir com o comando de sua campanha em Brasília, Alckmin evitou polemizar diante das denúncias de ligação de setores do PCC com o PT. "Eu não vou colaborar com nenhuma palavra para estimular a politização deste assunto", disse, repetidas vezes, ao longo do dia. Embora tenha também recebido informações em São Paulo, na quarta-feira, sobre as suspeitas de vínculo do PT com setores do crime organizado, o ex-governador tentou não explorar o assunto.

DISCRIMINAÇÃO

Diante disso, ele buscou outro foco de ataque ao presidente Lula, a quem acusou de discriminar e perseguir os adversários políticos na liberação de recursos para investimentos e de não usar devidamente, em favor da população, o dinheiro pago em impostos. Além de São Paulo, ele citou Rio, Bahia e Sergipe como Estados que teriam sido prejudicados por Lula.

"O presidente tem uma visão anti-republicana. Ele acha que o dinheiro é do PT e faz uma confusão entre partido e governo. Então, quem não é do seu grupo, ele persegue. É uma visão equivocada", discursou o candidato, recebendo aplausos de prefeitos e dos militantes do PFL e PSDB que lotaram o comitê do candidato à reeleição ao governo de Sergipe, o pefelista João Alves.

"Na Bahia, pergunte qual é o investimento? Não tem. Se for em São Paulo, qual o investimento? Também não tem", disse. E frisou que, em Sergipe, João Alves teria sido "perseguido".