Título: 32 invasores da Câmara continuam na prisão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2006, Nacional, p. A15

Aos poucos, os sem-terra que invadiram e depredaram a Câmara em 6 de junho começam a ser libertados. Na noite de quarta-feira, foram soltos oito integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). O Ministério Público Federal pediu a libertação, pois não encontrou indícios de que eles tenham ajudado a organizar a invasão. Ainda estão presos 32 integrantes do movimento, entre eles o líder Bruno Maranhão, integrante da executiva do PT.

Na terça-feira, o MPF denunciou 116 militantes do MLST por participação na depredação. Maranhão, especificamente, foi acusado de ser mentor intelectual da ação, que deixou 38 feridos e causou à Câmar prejuízo de R$ 106 mil. As penas, além do ressarcimento, vão de 3 a 9 anos de prisão, conforme o grau de envolvimento de cada um.

Na denúncia enviada à 10ª Vara da Justiça Federal, o MPF acusa os sem-terra por lesões corporais leves e graves, danos ao patrimônio público e resistência qualificada. Para 80 deles, os procuradores da República Gustavo Velloso, Lívia Tinôco, Vinícius Alves Fermino e José Robalinho Cavalcanti também pediram o enquadramento na Lei de Segurança Nacional, criada pelo regime militar.

Os 80 militantes também são acusados de formação de quadrilha. Eles estiveram na reunião que planejou a ação, na véspera da invasão, na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Os procuradores avaliam que houve uma tentativa planejada, com motivação política, de impedir o funcionamento do Legislativo, daí a opção pelo enquadramento na Lei de Segurança. Segundo Velloso, ao invadirem o Salão Verde da Câmara, impediram a entrada e a saída de pessoas do plenário e prejudicaram os trabalhos da Casa.

O MPF foi mais brando com os 35 militantes que participaram do ato, como provam as fitas de vídeo e os autos da prisão em flagrante, mas não participaram de seu planejamento. Esse grupo não foi enquadrado nos crimes de quadrilha e contra a segurança nacional.

Maranhão foi denunciado em separado, com o agravante de ser acusado de ser autor intelectual da invasão. Segundo os procuradores, testemunhas o reconheceram como idealizador dos atos de vandalismo. E foram registradas várias entradas do líder na Câmara nos dias que antecederam a invasão. Segundo os procuradores, com o propósito de mapear o local.

Preocupados com o isolamento do líder do MSLT, familiares de Maranhão procuraram o coordenador de campanha do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, senador Sérgio Guerra, que também é pernambucano, para que interviesse junto à direção do presídio e permitisse a visita de um irmão. Sem sucesso. Preso, de cabelos raspados, Maranhão continua incomunicável.