Título: Déficit vai a US$ 2,1 bi após anúncio da auto-suficiência
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2006, Economia & Negócios, p. B3

O Brasil teve déficit de US$ 2,147 bilhões de janeiro a maio na balança comercial do petróleo, incluindo óleo bruto, derivados e gás natural. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e mostram que auto-suficiência anunciada pela Petrobrás pode correr riscos. No acumulado em cinco meses, as exportações somaram US$ 3,674 bilhões, e as importações, US$ 5,822 bilhões.

Em maio, isoladamente, o déficit comercial do setor somou US$ 712 milhões, o maior do ano. Ante um total de importações de US$ 1,284 bilhão, as exportações somaram US$ 571,93 milhões. Em janeiro, o País havia contabilizado superávit na conta comercial do setor (óleo bruto, derivados de gás natural) de US$ 111,66 milhões, mas voltou a apresentar déficits nos meses seguintes, somando US$ 525 milhões em fevereiro, US$ 624 milhões em março e US$ 397 milhões em abril.

O aumento no déficit resultou principalmente da alta nas cotações no mercado internacional. Pelos dados da ANP, o Brasil pagou US$ 71,7 por barril de petróleo em maio, 32% mais do que em maio de 2005. A escalada de preços foi uma constante este ano, com o barril cotado a US$ 63,8 em janeiro, US$ 61,5 em fevereiro, US$ 64,84 em março e US$ 67,67 em abril.

Além do aumento nas cotações do óleo bruto, o País está gastando mais na compra do gás natural boliviano. Em cinco meses, o Brasil já importou o equivalente a US$ 585 milhões do país vizinho, sendo US$ 124,3 milhões apenas em maio, com alta de 67% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse acréscimo resulta basicamente do aumento dos preços, já que o volume importado subiu apenas 8% em maio deste ano, comparado a 2005.

As compras de óleo bruto também pesaram no comércio do setor. Segundo a ANP, em cinco meses as exportações de petróleo bruto somaram US$ 2,088 bilhões, para importações de US$ 3,603 bilhões, com déficit de US$ 1,515 bilhões. Esse valor ficou cerca de US$ 353 milhões abaixo do observado de janeiro a maio de 2005, com queda de 19%.

Apenas no caso dos derivados de petróleo há equilíbrio entre exportações e importações, já que o País conta com a produção de álcool, que libera volume expressivo de gasolina para exportação.

GÁS NATURAL A produção média de óleo e Liquefeito de Gás Natural (LGN) da Petrobrás no Brasil em junho foi de 1,681 milhão de barris por dia, 6,2% menos do que os 1,792 milhão de barris/dia em maio. Segundo a companhia, a queda deve-se à parada de manutenção programada de várias plataformas. A produção total, incluindo as atividades da Petrobrás no exterior, também caiu, para 1,823 milhão de barris/dia, ante 1,933 milhão em maio.