Título: Alerta de embaixador preocupa o governo
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2006, Economia & Negócios, p. B9
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel, admitiu ontem que é "horrível" para a imagem dos produtos agrícolas brasileiros no exterior o puxão de orelhas dado pelo embaixador da União Européia no Brasil, João Pacheco, em entrevista publicada no Estado de ontem. O embaixador afirmou que "o Brasil tem de levar a sério" a questão do controle sanitário dos produtos agrícolas, porque a situação no País "não é boa". "A reclamação foi muito ruim", disse Maciel.
As críticas do embaixador são referentes ao controle adotado pelo Brasil para resíduos biológicos em produtos agrícolas. Maciel disse que o Brasil enviou detalhes sobre o programa de resíduos em ovos, mel, carne de eqüinos, peixes e camarão no prazo estabelecido pela União Européia. "Se eles tiverem alguma dúvida, estamos dispostos a ir até lá e discutir tecnicamente a proposta".
Apesar das críticas, o secretário não acredita em embargo desses produtos. Depois de barrar as compras de mel brasileiro em março, a União Européia ameaça agora vetar as importações desses outros produtos em setembro. "Uma coisa é o relatório. A outra é apresentar a proposta. Vamos esclarecer a situação", afirmou.
Com o embargo, o Brasil deixa de vender cerca de 80% de sua produção de mel, que é de 35 a 45 mil toneladas por ano. Em 2005, os embarques somaram 14,5 mil toneladas e renderam US$ 18,94 milhões. De acordo com a iniciativa privada, a União Européia respondeu por 80% das vendas feitas pelo Brasil no ano passado. Maciel avaliou que, por trás das críticas da União Européia pode haver protecionismo, mas admitiu que "a questão técnica precisa ser esclarecida melhor".
Logo que tomou conhecimento das declarações de Pacheco, o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, ligou para Maciel e encaminhou uma cópia da reportagem para o secretário. Maciel comentou que vai procurar o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério, Célio Porto, para que, em conjunto, as secretarias divulguem nas embaixadas as ações feitas pelo ministério na área sanitária.