Título: 'Estão fazendo tempestade em copo d'água', reage presidente da Fenaj
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2006, Nacional, p. A10

Na certeza de que o presidente Lula vai sancionar o texto aprovado pelo Senado, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, se apressa a acalmar quem é contra a nova lei de regulamentação da profissão de jornalista.

"Estão fazendo tempestade em copo d'água, porque pouca coisa muda em comparação com o Decreto-Lei 972, de outubro de 1969", disse Andrade, ontem, ao Estado, apontando entre as novidades a exigência de diploma para diagramador, ilustrador, repórter-fotográfico e repórter-cinematográfico.

Segundo o presidente da Fenaj, entidade que apoiou a aprovação do projeto na Câmara e no Senado, o novo texto não traz nenhum tipo de ameaça para a liberdade de expressão, como alegam os seus críticos.

O objetivo é proteger o jornalista, defendendo o mercado de trabalho e garantindo maior qualificação profissional, disse ele. "Não muda nada quando se transforma atividade em função", destacou.

Para a Fenaj, não tem fundamento o receio de que venham a perder o emprego alguns profissionais que não são jornalistas, mas trabalham em jornal.

"Quem é comentarista vai continuar fazendo comentário, contanto que não seja sobre matéria jornalística", observou Andrade, acrescentando que os casos polêmicos (sobre a interpretação do que é ou não é jornalístico) serão resolvidos na Justiça.

O presidente da Fenaj aconselha o uso de bom senso para a contratação de comentaristas que falam de esporte, como jogadores de futebol. "A participação desses profissionais pode ser importante, mas está havendo a apresentação de espetáculo por espetáculo, sem compromisso com a informação."

Andrade insiste em que qualquer pessoa pode escrever para um jornal ou falar em uma emissora de televisão, "mas jornalismo só pode ser feito por jornalista". Isso vale também para o arquivista, "quando esse profissional trabalha com material jornalístico para a elaboração de notícias, memórias ou programas jornalísticos".