Título: 'Juro pode ser o menor em 30 anos'
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2006, Economia & Negócios, p. B3
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que, se o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) confirmar as expectativas do mercado e reduzir a taxa de juros básica (Selic) em 0,5 ponto porcentual, o Brasil terá os juros mais baixos dos últimos 30 anos.
A Selic está atualmente em 15,25% ao ano, a mesma taxa do início de 2001. O ministro se referiu à taxa de juros nominal, que inclui a inflação. A taxa real, sem inflação, está em 10,2% e ainda é a mais alta do mundo. A segunda é da Turquia, com 9,9%.
Em tom de campanha, Bernardo destacou o processo geral de redução nas taxas de juros vigentes no País, não só a Selic, para níveis historicamente baixos. "Se pegarmos qualquer modalidade - crédito ao consumidor, crédito para empresas -, todas estão declinando para os níveis mais baixos dos últimos anos", disse o ministro. "A taxa de juros de longo prazo (TJLP), por exemplo, é a mais baixa da história, desde que foi criada (em dezembro de 1994)."
Bernardo elogiou o que chamou de "postura prudente" do Banco Central na condução da política monetária porque, segundo ele, é preciso acabar com a chamada memória inflacionária que ainda existe no Brasil. Ele ponderou, entretanto, que, como a inflação e as expectativas futuras para os preços estão abaixo da meta de 4,5% para o ano, o Copom tem condições de continuar com o processo de redução da taxa básica.
O ministro reconheceu que, apesar de estar em queda e num nível mais baixo dos últimos tempos, os juros no Brasil ainda são altos. "Nesse ponto, o Brasil ainda é uma referência negativa, pois nossos juros realmente são muito altos para os patamares internacionais", comentou.
Segundo ele, medidas que ataquem a estrutura tributária e gastos do governo ajudarão a reduzir a distância das taxas do Brasil das de outros países.
Ao analisar a situação da economia como um todo, Bernardo usou um tom otimista e destacou que o País vive uma combinação de fatores que "dificilmente se reúnem ao mesmo tempo". Esses elementos, segundo ele, são o crescimento econômico com geração de empregos e aumento na renda, ao mesmo tempo em que a inflação está em queda e as contas do governo, ajustadas.
"A economia brasileira vive um momento especialmente positivo", afirmou, destacando o fato de que, em pleno processo eleitoral, a economia não tem sofrido abalos, como ocorreu na última eleição geral, realizada em 2002.
Bernardo lembrou, ainda, que o bom funcionamento da economia, sobretudo o aumento do emprego, permitiu que 7 milhões de pessoas fossem alçadas à classe média. "Essa é uma notícia excepcional, que bom se isso acontecer todo ano", observou.
Apesar de comemorar os resultados, ele afirmou que é importante garantir a manutenção e a melhora desse desempenho nos próximos anos. "Temos que comemorar, mas é preciso promover aperfeiçoamentos institucionais que melhorem a capacidade da economia", disse.