Título: Empresários da Alemanha temem por estabilidade
Autor: Denise Chrispim Marin, Vera Rosa e Leonêncio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2006, Nacional, p. A4

Executivos alemães se mostraram ontem preocupados com as eleições presidenciais no Brasil e com a possível interrupção da agenda de reformas, no Encontro Econômico Brasil-Alemanha, promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha em Berlim. Para o presidente da Confederação das Indústrias da Alemanha, Jurgen Thumann, as eleições "tornam difícil que decisões políticas sejam tomadas e projetos de reforma amplos sejam realizados no momento atual".

Durante o principal encontro bilateral entre autoridades e executivos alemães e brasileiros, as eleições brasileiras não estavam na agenda, mas acabaram dominando os debates entre os mais de 400 participantes. "A eleição, seja qual for o desfecho, não mudará os rumos da economia", garantiu o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que representava o País no evento.

Para Thumann, independentemente do resultado das eleições, o rumo das reformas no Brasil tem de ser posto em questão. "O Brasil precisa de uma continuidade conseqüente da política de estabilidade e de reformas", disse. Ele espera que os políticos brasileiros reconheçam essa necessidade, até mesmo para deixar os investidores estrangeiros tranqüilos.

O presidente da Basf, Jurgen Strube, admitiu que pouco importa o partido que vença as eleições. "O queremos é estabilidade, seja na área política, seja na econômica", explicou.

CRÍTICAS

Furlan ouviu também críticas de empresários brasileiros que estavam no evento. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo Rocha Loures, pediu a modernização do sistema público e do próprio Ministério do Desenvolvimento para dar mais eficiência de gestão ao governo.

"Num próximo governo, precisamos ter a oportunidade para recolocar a economia em um rumo de crescimento. Espero também que no próximo governo a política industrial saia do discurso e seja implementada", reclamou Loures. "O Brasil precisa voltar a crescer, pois temos grandes problemas sociais."

O governo também passou por uma situação curiosa no evento. O ex-ministro Roberto Rodrigues, que deixou a pasta da Agricultura há uma semana, foi escolhido como a personalidade do ano pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Ao ser premiado, foi ovacionado pelos executivos europeus e brasileiros presentes. "Dediquei minha vida à agricultura", disse o ex- ministro.