Título: G-8 quer produção de etanol em países pobres
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2006, Economia & Negócios, p. B4

O Brasil e as economias ricas vão anunciar acordos para desenvolver o etanol em países mais pobres, principalmente na África e no Caribe. Os entendimentos serão divulgados na reunião de Cúpula do G-8 na próxima semana, em São Petersburgo, na Rússia. O grupo das oito maiores economias do mundo convidou o presidente Lula e outros presidentes de países emergentes para o evento.

A idéia de usar o etanol surgiu há seis meses, quando o Reino Unido presidia o G-8. Na época, o primeiro-ministro Tony Blair propôs que o combustível fosse usado, em cooperação com o Brasil, para desenvolver a tecnologia também na África. Agora, será a vez de outros países do G-8 estabelecerem entendimentos com o Brasil para acordos em países mais pobres.

Ao levar a tecnologia a esses locais, os governos ricos esperam lutar contra a pobreza, criar empregos e reduzir a dependência energética das regiões. "O G-8 tirou o Brasil para dançar. Temos de seguir este caminho", afirmou Luis Carlos Correa de Carvalho, que trabalha no setor açucareiro no Ministério da Agricultura.

Para o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, um dos maiores promotores do etanol, quanto maior o número de países que possam produzi-lo, maior a probabilidade de criação de mercado para o combustível. Ontem, ele participou de debate com executivos de empresas automotivas e especialistas em Berlim. "Estamos criando um novo paradigma, que é a agroenergia."

Além de envolver os governos, o tema do biocombustível ganha força no setor privado. Segundo o presidente da Volkswagen no Brasil, Hans Maergner, 75% da frota brasileiro de carros são flexfuel. Para ele, a tecnologia tem grandes chances de se tornar popular em outras regiões do mundo. Executivos da Ford européia acreditam que a mudança de um padrão exclusivamente baseado no petróleo para um modelo flexível exigirá incentivos fiscais nos preços dos carros, da gasolina e dos seguros. Hoje, em Berlim, brasileiros e alemães ainda podem fechar um entendimento preliminar para o desenvolvimento conjunto do mercado de biocombustível.