Título: Alemães cobram acordo na OMC até o fim do mês
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2006, Economia & Negócios, p. B4

Empresários e autoridades alemãs cobram do governo brasileiro concessões na abertura de seu mercado industrial e de serviços para que a Organização Mundial do Comércio (OMC) feche um acordo até o fim do mês. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luis Fernando Furlan, garante que o Brasil "não será defensivo na área de serviços" e que está preparado para fazer concessões industriais. Mas, em um encontro entre os dois países, ontem, em Berlim, alertou que são as maiores economias que precisam mostrar suas flexibilidades.

"Chegou o momento de fazer ofertas e temos de ter um acordo. Está na hora de concessões", afirmou o presidente da Siemens, Uriel Sharef. "Não podemos parar, pois outras regiões continuam negociando acordos bilaterais", disse o presidente da Basf, Jurgen Strube.

Furlan rebateu as críticas. "Enquanto nossas tarifas máximas são de 35%, europeus têm barreiras de até 200%", disse, garantindo que o Brasil vai continuar negociando em busca de um entendimento.

O ministro deixou claro que o Brasil não aceitará decisão da OMC que afete a indústria, mas lembra que a abertura do mercado seria gradual e que as empresas teriam tempo para se adaptar. Ele disse que medidas como a nova lei cambial e a redução da burocracia podem dar uma competitividade ao setor privado que compensaria eventuais prejuízos de uma abertura. "Temos três opções (de abertura) que serão colocadas sobre a mesa de negociação da OMC dependendo do que nos será oferecido", afirmou.

Os alemães criticam o fato de Mercosul e União Européia não terem fechado um acordo comercial, após dez anos de negociação. "Brasil e Europa precisam definir o que de fato querem", disse Strube. O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que participou dos encontros como representante especial do governo, acredita que esse acordo teria efeitos mais eficientes que um entendimento na OMC.

No fim de junho, o governo enviou uma carta aos europeus pedindo uma nova reunião entre os dois blocos depois do fim do prazo para um acordo na OMC. Para empresários, dificilmente haverá avanço nas negociações até o fim do ano.