Título: BR considera frágil proposta da VariLog para dívidas antigas
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2006, Economia & Negócios, p. B6

A presidente da BR Distribuidora, Maria das Graças Foster, considera "frágil" o plano da VarigLog para comprar a Varig, no que diz respeito às garantias de pagamento dos débitos acumulados antes do processo de recuperação judicial, iniciado há um ano.

Avaliando que a situação da empresa hoje é "bem mais tranqüila" que há duas semanas, ela argumenta que, como um dos principais credores, a BR ainda não teve acesso aos detalhes do plano. "Temos a visão de um mosaico: várias peças que vamos juntando para levar a uma configuração. A parte do pagamento de créditos em debêntures é o que me parece frágil", diz ela.

Segundo Maria das Graças, a dívida da Varig com a BR são os R$ 57 milhões subscritos no processo de recuperação. Depois disso, todo o combustível fornecido foi quitado e até os recebíveis que a Varig utilizou como moeda de pagamento já foram convertidos e entraram no caixa da distribuidora. Hoje, a negociação é feita com pagamento prévio de 24 horas. Na fase mais difícil, o abastecimento chegou a ser negociado para o período de apenas seis horas.

"Nesse período todo de relação com a Varig, tivemos as mais diferentes formas de fechar a relação comercial. A negociação diária foi, muitas vezes, dividida em três etapas. Nos momentos mais críticos, fizemos transação para oito, seis horas de combustível", diz.

"Hoje, as coisas estão acontecendo de forma bastante previsível. Tudo o que foi vendido foi pago. A Varig não nos deve nada nesse período. Foi uma experiência difícil. Mas, como a vontade era tão grande dos dois lados, as coisas saíram muito bem", relata Maria das Graças, acrescentando que não há ainda condição de negociar a entrega que combustível por um período maior.

Como um dos principais credores da Varig, a BR, subsidiária da Petrobrás, terá grande peso na avaliação da proposta da VarigLog. A aprovação dos credores é pré-requisito para a realização do novo leilão. Por enquanto, Maria das Graças não sabe se o voto da BR será favorável ou não.

Segundo ela, falta o conhecimento "específico, detalhado" do plano da VarigLog. "O que vimos foi um esboço de proposta e não sei se é viável ou não. Não tenho todos os elementos para saber. Torço para que seja", afirmou.

Para a executiva, tão importante quanto assegurar a saúde financeira da Varig nova, que será administrada pelo vencedor do leilão, é garantir fluxo de caixa à Varig antiga, que herdará a dívida R$ 7,9 bilhões, "que permita honrar compromissos na ordem em que lá estão".

"O credor tem a sua posição na fila. Esperamos que tudo isso esteja bem amarrado, bem consolidado. Temos analisado essas propostas com muito boa vontade, mas tem de haver responsabilidade", declarou ela.

De qualquer forma, pelo menos por enquanto, o fantasma da suspensão no fornecimento do querosene de aviação, que chegou a ser cogitado algumas vezes, está afastado.

"Cheguei aqui no dia 2 de maio e esse período todo tem sido de todos os dias é o Dia D da Varig. A fase hoje é outra. A relação ainda tem sido de todo dia é um dia diferente, mas num período de mais calma do que foi aquele de duas, três semanas atrás, em que estávamos extremamente preocupados. Porque queremos a Varig voando."