Título: Dilma diz que não dá para pagar reajuste de 16,67% a aposentado
Autor: Thiago Velloso
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2006, Economia & Negócios, p. B9

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou claro nesta quinta-feira que o governo federal não deve acatar o reajuste de 16,67% dado pelo Senado aos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que têm benefício superior ao mínimo, conforme emenda aprovada nesta semana. "Nós sempre tivemos a seriedade de colocar primeiro o interesse do País à frente dos interesses de qualquer categoria. Infelizmente, não podemos dar este aumento. Nós poderíamos dar 5%", disse, lembrando o acordo fechado pelo governo federal com os aposentados.

Dilma negou-se a confirmar o veto presidencial, mas disse que o compromisso com a governabilidade "vai fazer com que o presidente analise isso profundamente e considere a hipótese do veto". A ministra avaliou que o aumento dado pelo Senado tem motivos eleitorais e visa criar dificuldades para o próximo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso este seja reeleito.

"Esse aumento tem um impacto pesado na Previdência e isso tornaria extremamente grave (a situação) das finanças do País. Como eles (a oposição) acham que nós vamos ganhar a eleição, eles estão propondo 16%, porque estão tentando inviabilizar o governo depois da eleição", analisou. Dilma fez questão de ressaltar que "o governo será extremamente responsável nessa questão". As declarações foram dadas após o lançamento do Fundo Infra Brasil, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.

GÁS

Dilma aproveitou ainda para negar que o deputado federal cassado José Dirceu (PT) tenha ido à Bolívia negociar, a mando do governo federal, a questão do gás com o presidente Evo Morales. Segundo notícia do jornal Folha de S. Paulo, Dirceu teria ido à Bolívia dias antes do anúncio da nacionalização das as reservas de gás natural e teve compromissos com Morales e parlamentares da oposição.

O tema principal das conversas teria sido a nacionalização do petróleo e gás, definida por meio de decreto em 1º de maio por Evo. "A relação do governo federal com a Bolívia é feita através dos canais diplomáticos do Itamaraty, do Ministério de Minas e Energia e da Petrobrás, no que se refere a questão do gás", limitou-se a dizer.